domingo, 21 de outubro de 2012

Red and Mirrors












Hoje aproveitei o tempo melancólico e nublado para rever o Vertigo. Já há algum tempo que era para o rever. Fixei-me muito nos Espelhos e no Vermelho do Filme.
É muito curioso irmos contando os espelhos, irmos vendo a presença quase absurda do vermelho....

Não sou em especialista em Vertigo. Mas conheço o melhor ...AQUI.
O meu melhor amigo Ricardo.

Por isso ele que me perdoe se escrever alguma infamia.

Creio que Vertigo merece ser o Melhor ou dentro dos melhores filmes de sempre.
Raramente o vejo. Penso que foi a 3ª vez que o vi.
Porque?
Porque fiquei tão fascinado pelo filme quando o vi, que revê-lo é perder um pouco esse sentimento, essa emoção de estarmos perante uma obra prima que nos diz tanto.
Como guionista devo dizer que é um trabalho Incrível.
A historia é deliciosa, com imensos twists que se retorcem varias e varias vezes até ao final. É embutido numa linguagem simples e simbólica. Tudo É o que é, e Nada é o que é.
Talvez seja a obra mais Artistica e até Lynchiana  de Hitchcock.

Lembra-me uma Matrioska, aquelas bonecas russas em que cada uma contem uma igual á anterior.
Assim é Vertigo.
Uma historia dentro de uma historia, uma mulher que finge ser alguem que tem outro alguém dentro de si, um homem que reconstroi a mesma mulher, a morte e a vida, obsessão e masculinidade, a mentira e a verdade.

John Ferguson é um detective da Policia de S.Francisco. Numa perseguição sobre os telhados ele quase cai e tem uma crise de vertigens. Outro policia tenta tira-lo dali, mas escorrega e cai, morrendo.
Algum tempo passou-se, John recupera, mas as Vertigens não passaram.
É ai que um conhecido, que ele já nem se lembra o contacta. Galvin Elster é casado com Madeleine, e este acha que a mulher esta possuida ou que algo de errado se passa com ela. Então pede a John para a vigiar, impedindo que esta cometa alguma loucura.
Ao conhecer Madeleine, ele repara não só nas coisas estranhas - as horas perdidas no museu, quando visita um velho cemiterio, as flores que compra, ate ao seu exilio perto da ponte Golden Gate - mas tambem na sua beleza.
Mas é Madeleine que o puxa e não o contrario para o seu mundo. Ambos apaixonam-se. John decide leva-la a um local onde a mesma diz ter visões. Correndo para a morte ao subir uma torre, John/Scottie é incapaz de a seguir e impedi-la da morte tragica .
Scottie recupera durante meses de ter perdido o seu grande amor, de mais uma vez não ter tido coragem, quando surge Judy. Judy é quase igual a Madeleine.
Então obsecado ele tenta reconstituir em Judy Madeleine até se perceber de tudo e vencer o seu medo.
( Se quer saber mais sobre o filme sublinhe o espaço em anexo.
'' Mas Judy é Madeleine, ela não morreu. Na Verdade foi tudo um plano do marido que contratou Judy para se fazer passar pela esposa e assim matar a mulher mas simulando Suicidio e tendo como Testemunha um detective da policia que ele sabia que não subiria as escadas por ter VERTIGENS.''.


Existem demasiadas teorias sobre o filme, e muitas tambem sobre o uso das cores, especialmente o Vermelho e o Verde.

Desde o batom de Madeleine á Ponte Golden Gate passando pela gravata de Scottie até terminar no pingente de Judy, o Vermelho domina.

Se eu fosse freudiano iria pensar logo - Vermelho - cor sexual, cor do chackra raiz, cor da vida, cor do sangue, da vitalidade, do orgasmo. Até iria buscar as frases sobre a Torre Coit ou o tamanho descomunal das árvores para falar que o filme tem algo de sexual subentendido...

Alguns defendem que o Vermelho simboliza a Verdade, e o Verde o misterioso, que o vermelho denota o real e o verde a ilusão.

Aliás como ja disse teorias sobre tudo abundam na net. Não sei até que ponto Hitchcock tinha algo subliminar para transmitir...

Uma das coisas que pouco encontrei na net ao ler sobre o filme foi a presença dos Espelhos.
Realmente eles aparecem várias vezes. De novo teorias brotam - os espelhos servem de entradas no submundo, no reino da fantasia, e servem como Saida no final quando o pingente é reflectido no espelho.

De certo modo a imagem final do filme - Scottie no alto da torre, é inversa á primeira - Scottie cheio de medo,a cair do alto.

Curiosamente lembram as cartas do Tarot - O enforcado e o Mundo.
Na primeira um homem esta pendurado, na ultima ele venceu o mundo.
Na primeira nada pode fazer, na ultima ele sintetiza tudo.

Assim como espelhos.

Na carta de Tarot a Torre, tambem chamada Casa de Deus, duas pessoas caiem.
Tecnicamente no filme estamos sempre a cair.
O policia cai do telhado.
Scottie sai do telhado ( não sabemos como)
Scottie cai das escadas.
Madeleine cai para o rio.
Madeleine cai da Torre.
Scottie no sonho tambem cai.
E no desfecho tambem existe mais uma queda.

Não é a toa que os brasileiros puseram o titulo - '' Um corpo que cai''.

No Tarot o Mago traz uma Vara. Simbolo de iniciar. Scottie apos cena inicial anda de bengala.
Na carta O Mundo não só é o oposto do Enforcado como do Mago. Tambem na ultima cena Scottie tem as mãos para baixo como no Mundo.

Elster é um pouco como o Diabo da Historia. Judy e Scottie são 2 fantoches da mesma historia.
Tambem estao amarrados á ilusão. É muito curioso se olharam a Carta O Diabo - a mulher tem no rabo um cacho, sera de uvas? Ou ate um bouquet de flores. O homem no rabo o fogo, simbolo da vitalidade e virilidade.
Signfica que tanto o Homem como a Mulher estao dominados pela ilusao.
Ele não consegue vencer o seu medo. Crê na ilusão.
e Judy na ilusão de 2 papeis - ela é Madeleine e é Carlotta.

O escritor Eliphas Levi disse em relaçao a carta de Tarot - O Diabo :
"A reversed pentagram, with two points projecting upwards, is a symbol of evil and attracts sinister forces because it overturns the proper order of things and demonstrates the triumph of matter over spirit. 

Na carta Os Amantes existem 2 mulheres e um homem entre elas. No filme, no sonho de Scottie, ele recorda ele mesmo com Galvin Elster e Carlotta no meio. Curiosamente ambos se relacionaram com a mesma mulher....

Não creio que Hitchcock, nem  Coppel, nem Samuel Taylor tiveram a intenção de por tanto simbolismo no filme.
Os arquetipos do tarot encontram-se em tudo, pois reflectem o Inconsciente global. 
E obivamente uma historia rica e bela, misteriosa e sedutora, poderosa e inebriante como Vertigo faz procurar uma Luz ainda maior...

É, verdadeiramente sem sombra de dúvida, um filme a não perder, em todos os sentidos...












1 comentário:

  1. É uma teoria interessante. O que é fascinante no filme, para além do que ele me diz pessoalmente, é a multiplicidade de significados que cada pessoa muitas vezes encontra, e todos eles válidos. E pensar que é um filme com mais de meio século de idade...

    Eu tou meio engripado, hoje tive quase todo o dia na cama.

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