terça-feira, 11 de outubro de 2022

'' Chuva ou bênçãos podem cair dos céus, mas se você erguer apenas um dedal, um dedal é tudo o que você recebe"

Ramakrishna




domingo, 9 de outubro de 2022

O Caminho das Nuvens Brancas

Este texto do Mestre Osho ajudou-me quando sentia/sinto que a vida não fluia/flui, quando vem a sensação de frustração, de estar perdido, de não saber o que fazer, para onde me dirigir....


 Relaxe seu corpo e observe sua respiração.

E com Plena Atenção em sua respiração, momento a momento, a mente se aquieta e o corpo relaxa.

Pouco antes de Buda morrer alguém lhe perguntou: Quando um Buda morre, para onde ele vai – ele sobrevive ou simplesmente desaparece no nada?

Dizem que Buda respondeu: É exatamente como uma nuvem branca desaparecendo.


Então, perceba... Justamente nesta manhã havia nuvens brancas no céu. Agora, elas não estão mais lá. Para onde foram? De onde vieram? Como surgiram, e como se dissolveram novamente?

A nuvem branca é um mistério – o vir, o ir, o próprio ser dela.


Uma nuvem branca existe sem nenhuma raiz. Mas ainda assim existe.

A existência inteira é como uma nuvem branca – sem qualquer raiz, sem qualquer causalidade – ela existe. Existe como um mistério.

Uma nuvem branca não tem, na realidade, nenhum caminho próprio. Vagueia. Não tem onde chegar, não tem objetivo, não tem destino a ser cumprido. Não tem fim.

Você não pode deixar uma nuvem branca frustrada, porque onde quer que ela chegue, é a meta.

Se você tem uma meta, está destinado a ficar frustrado. Quanto mais a mente é orientada para uma meta, mais angústia, mais ansiedade e mais frustração possui – porque quando você tem uma meta começa a se mover em direção a um objetivo fixo.

E a existência inteira existe sem qualquer destino. O todo não está indo a lugar algum; não possui nenhuma meta, nenhuma finalidade.

Se você tem uma finalidade, está indo contra a existência – você ficará frustrado.

Uma nuvem branca deixa-se levar para onde quer que o vento a dirija – não resiste, não luta. Uma nuvem branca não é um conquistador, e mesmo assim flutua acima de tudo. Você não pode conquista-la, não pode vencê-la. Ela não tem nenhuma mente para ser conquistada.

Quando você está fixado numa meta, propósito, destino ou significado, quando adquire essa loucura de chegar a algum lugar, os problemas começam a surgir. E você acaba sendo derrotado – isto é certo. Sua derrota está na própria natureza da existência.

Uma nuvem branca não tem para onde ir. Movimenta-se, vai para todos os lugares. Todas as dimensões lhe pertencem, todas as direções lhe pertencem. Não rejeita nada. Tudo é, existe, numa total aceitação.

Por isso chamo meu caminho de “O caminho das nuvens brancas”, diz Osho.

E você, também poderia fazer do seu caminho, “o caminho das nuvens brancas”...

As nuvens brancas não tem caminho próprio – vagueiam. Caminho significa chegar a algum lugar. O caminho das nuvens brancas é um caminho sem caminho, uma trilha sem trilha. Movimentando-se, mas sem uma mente fixa – movimentando-se sem mente.

E isto tem de ser compreendido, porque objetivo é sinônimo de mente. Eis porque você não pode conceber uma vida sem objetivo: a mente não pode viver sem objetivo.


E as pessoas perguntam qual a finalidade da meditação. A meditação não pode ter nenhuma finalidade, porque a meditação é basicamente um estado de não mente – no qual você está, mas não vai a lugar algum; no qual simplesmente estar, ser, é a meta.

A meta está aqui e agora. Quando a meta está em algum outro lugar, a mente inicia a sua jornada. A mente começa a pensar, inicia um processo. Se o futuro existe, então a mente pode fluir, tem espaço para se mover. Com o objetivo vem o futuro e com o futuro vem o tempo.

Uma nuvem branca flutua no céu, atemporal – porque não há futuro nem mente para ela. Ela está aqui e agora. Cada momento é uma eternidade total.

Mas a mente não pode existir sem finalidade, assim ela continua criando propósitos.

Gostaria que vocês também se tornassem nuvens brancas, vagueando pelo céu; ouça bem... Vagueando... Não caminhando, não dirigindo-se para um ponto.

Esteja onde estiver, esse lugar é a meta. A meta não é algo que termina em algum ponto. A meta é o próprio momento.

Aqui, para mim, você já é um ser iluminado. Aqui, você já se realizou. Aqui, você já é tão perfeito quanto pode ser. É como um Krishna, um Buda, um Mahavir. Não tem mais nada para alcançar. Neste exato momento, tudo está presente – apenas você não percebe.

E você não percebe porque a sua mente está no futuro. Não está aqui. Você não está consciente do que está lhe acontecendo neste exato momento.

E tem sido sempre assim. Você tem sido um Buda – um ser desperto – o tempo todo. Nem por um momento isso foi perdido.

Mas você não percebe e não pode perceber porque sua meta está em algum outro lugar, em algo que tem de ser conseguido. Assim, você cria uma barreira e perde o que já é.

Uma vez que estado é revelado, uma vez que é compreendido, uma vez que se torna consciente dele, o maior mistério do ser é revelado – todo o mundo é perfeito.

A semente torna-se a árvore porque a semente já é isso. Uma pedra não pode tornar-se uma árvore. A semente torna-se a árvore porque a semente já é isso!

Assim, a questão não é de transformação, a questão é apenas de revelação. A semente revela-se nesse momento como uma semente; no momento seguinte, como uma árvore.

Portanto, essa é apenas uma questão de revelação. E se você puder penetrar nisso profundamente, verá que a semente já é a árvore neste exato momento.


OSHO                

domingo, 18 de setembro de 2022

 


Hoje desenhei algo parecido com isto.
Não sou nada de desenhos, aliás sou péssimo a desenhar.
A minha vida assemelha-se a isto- com um vazio no meio.
Como se todos os sonhos, tudo o que desejei, tudo o que sinto, tudo o que aspiro no fundo nunca viesse...fosse um poço sem fundo.
Um vazio.
Um centro vazio.
Como se tentasse vezes e vezes, vezes e vezes, chegar, sonhar, obter e nada.
Como se houvesse uma margem invisivel que nunca me deixa atravessar.
Como se não pudesse nunca chegar e realizar algo.
Como se fosse sempre corrompido, comido, devorado, pelo vazio.
Senti que tenho que deixar de tentar.
Deixar de sonhar
Deixar de imaginar
Deixar de ser romantico
Deixar de acreditar
Deixar de tentar mudar a vida
Deixar de controlar
Deixar de aspirar a ....
Deixar de tentar ser feliz.
Talvez seja isso ....aceitar que nunca vou ter o sonho X ou Y.... que nunca vou ser feliz....aceitar que não devo tentar mais....porque de qualquer maneira nunca consegui.

Fazem eco em mim as palavras de Yolanda - 
 Pour en arriver là j'ai trop douté de tout
De moi, de Dieu, de vous
J'ai laissé derrière moi tous mes rêves d'enfance
Aujourd'hui j'ai le cœur presque en état d'urgence




terça-feira, 31 de maio de 2022

As memórias

 Se cada minuto tem 60 segundos, se cada hora tem 60 minutos, um dia tem 24 horas e um ano 365 dias, totalizando ao fim de um ano deveriamos ter milhões senão triliões de memorias do nosso dia a dia.

Contudo o nosso dia a dia parece quase um fantasma quantico, o que comemos ontem, o que fizemos nas horas que passaram a semana passada, os eventos dos anos que foram, tudo isso parece-se desvanecer.

Fica apenas um resto.

No entanto um resto que lembra aquelas saquetas de Sumo Tang, em que pomos em 2 litros de agua e temos um optimo sumo.

Mesmo as memorias mais ou menos de cada dia ou cada ano, vão desaparecendo apenas ficando aquelas mesmo boas, quer seja pela positiva ou negativa.

Alguns neurocientistas dizem que nós inventamos memorias. Ou melhor, o nosso cérebro edita as memórias que temos. Talvez seja como o computador que guarda no formato que melhor pode, reduz tudo ao minimo indispensavel.

De qualquer das formas passamos muito pela vida e de repente olhamos para tras e não temos ideia do que fizemos, comemos, bebemos, vimos.

Passamos a vida em branco, seja no passado como no presente.

Mas porque é que isso acontece?

Claro que o nosso cérebro guarda o mais importante e faz-nos focar no que é fulcral no momento.

Mas a maior razão é que as nossas vidas são feitas de nadas.

NADAS.

Lembram aquele jogo do Super Mário em que saltávamos de nuvem em nuvem, de plataforma em plataforma.



Enchemos as nossas vidas de tantos vazios, de futilidade, de trabalhos, estudos ou dias passados entre filmes, livros etc, de preocupações vãs,  a tal ponto que somos inundados por grandes vazios.

De facto a nossa sociedade é uma especie de alienigena que se retroalimenta, temos uns quantos que apenas parasitam e mandam, e a maioria que vive uma vida de inutil desperdicio.
Nunca fomos ensinados a viver.
Sempre a sobreviver, a sermos servos, quer fosse do Deus do antigo Testamento, quer da maquina do estado.
O objectivo da nossa educação sempre foi - inculcar o maximo de conhecimentos para depois trabalharmos e SERMOS alguem.

Que ridiculo não é?!!
Ser Alguem.
É como se nos incutissem que estamos vazios e precisamos de trabalho, posição social, certas coisas, para Sermos.

Faz lembrar aquela velha lengalenga - quando descobri todas as respostas , a vida vem e muda as perguntas!

Tão ridiculo passarmos tanto na vida a tentar fazer algo que nem queremos fazer, e a resistir a sermos quem somos desde sempre.


E sem qualquer motivo lembrei-me agora que na casa da minha avó em Alhos Vedros, tinha um baldinho verde, com um boneco estragado de corpo de pano, dois aviões um deles uma especie de replica de boing e o outro especie de nave espacial, um carrinho verde e um outro carrinho. E brincava imenso nas escadas.

Qual a importancia de me lembrar disto???
Que valor tinham aqueles brinquedos velhos?

Mas ainda hoje lembro onde guardava o baldinho na despensa quando tinha uns 4-5 anos.

E parecem me hoje, que estas memorias são mais verdadeiras que tudo o que tenha feito no dia de hoje e tudo o que sequer tenha feito a semana passada.

Talvez só tenhamos memoria dos momentos em que fomos, em que estivemos realmente presentes na nossa vida, para o bem e para o mal.




sábado, 21 de maio de 2022

Sonhos ou Sonos?

 Será o sonho que sonho, que procuro, apenas uma limitação do ego?
Será que o sonho nos fecha num campo de irrealidade em que ficamos limitados a algo ''extremamente definido'', procurando algo ''extremamente definido'', no fundo procurando apenas algo que nos tape o buraco, ou melhor algo que achamos que vai tapar o buraco que temos dentro de nós?

E não será esse algo, apenas um reflexo egóico do buraco, algo como um chocolate que nos consola e não o nosso maior e melhor potencial ?!

Sonhamos com algo que queremos que nos tire da solidão, da sensação de pequenez, de pouco valor, de vazio, de não merecimento. 
Os meus sonhos dividem-se em duas categorias - sonhos de poder, em que me vejo rico, poderoso, em que posso  envaidecer-me junto dos que conheço, aos do meu passado que me magoaram e me fizeram sentir pequeno, indefeso e fraco, como uma chapada de luva branca...... ou então são sonhos de alguém, de uma mulher  linda, baixa, amorosa, perfeita nas suas imperfeições, uma espécie de idílio utópico, um Éden perdido e ancestral.

E ao olhar isto, ao sonhar isto, ao procurar isto, apenas tenho olhos para isto.
Em cada cidade que vou, cada avenida que percorro, cada aventura, eu apenas procuro isso.

E isso nunca vem...

Estarei eu a limitar-me?
Estarei eu no fundo a amar e a procurar apenas uma fantasia??
Estarei eu a perder o resto, a deixar caminhos, a fixar os olhos numa nuvem ilusória e sem ver e apreciar todo o horizonte???

Mas o buraco, o buraco está lá!!
Como posso olhar para outra coisa qualquer se o buraco está cada dentro, assim a ressoar, a remoer, a zumbir a cada momento, a doer e doer e doer?

Doi tanto que apenas quero ''aquela'' cura....e por essa cura, rezo, faço rituais, viajo, espero, .....

Sinto que devo olhar o buraco.
Olhar, vislumbrar, apreciar os meus passos, as minhas dores, os meus caminhos bons e menos bons.
Talvez deixar de sonhar!

Permitir o buraco viver.
Permitir estar, sem o grito da ilusão que vem do buraco e que me diz tudo o que sinto sobre mim, e estar sem a nuvem do sonho que espero que venha para tapar o mesmo buraco.

Caminhar na senda dos dois lados, sem me vitimizar, sem odio, com auto-amor, apreciando cada passo e não o rio das ilusões boas ou más, que rodeiam as aguas do meu ser.



domingo, 30 de janeiro de 2022

Passei noites e dias sem dormir

Pra chegar até aqui

Chorei tantas vezes que não tenho mais lágrimas
Para chegar aqui

Para chegar lá duvidei demais de tudo
De mim De Deus De você

Eu deixei para trás
 todos os meus sonhos de infância

Hoje o meu coração está quase em estado de emergência

Para chegar lá
acredito bem 
só contigo
se tivesse um encontro
sem a sombra de arrependimento
Para chegar lá
eu recomeçaria de novo


Aprendi a gritar bem dentro de mim

Ausência é tão profunda que suja meus espelhos

Pra ir pra lugar nenhum eu coloco na memória
Só o começo das histórias
Pra chegar lá
eu acredito que contigo
Se eu tivesse um compromisso 
sem sombra de arrependimento
eu recomeçaria
Para chegar lá.




Ate sempre

25 de Abril

 Parece que Alzheimer invadiu a mente de grande de parte dos portugueses, tendo muitos repudiado o dia da Liberdade e aplaudindo ditadores e...