domingo, 30 de agosto de 2015

''Tu estavas no lago?''



A minha esposa tinha encontrado Maharaji (Neem Karoli Baba) e tinha me vindo buscar aos Estados Unidos para me levar e conhecê-lo. Quando fomos ver Maharaji pela primeira vez eu fiquei desconcertado com o que vi. Todos aqueles ocidentais loucos vestindo roupas brancas e se prostrando em torno daquele homem velho e gordo num cobertor! Mais do que tudo, eu odiava ver ocidentais tocando os pés dele.
 No meu primeiro dia lá ele me ignorou totalmente. Mas depois do segundo, terceiro, quarto, quinta, sexto e sétimo dias, em que ele também me ignorou, comecei a ficar mais irritado. Eu não sentia amor nenhum por ele, na verdade, eu não sentia nada. Concluí que minha esposa tinha sido capturada por algum culto maluco. No fim daquela semana eu estava pronto para ir para casa.

Estávamos hospedados num hotel em Nainital, e no oitavo dia eu disse à minha esposa que eu não me estava a sentir bem. Passei o dia andando em volta do lago pensando que se a minha mulher estava tão envolvida em algo que claramente não era para mim, deveria significar que nosso casamento estava a chegar ao fim. Olhei as flores, as montanhas, os reflexos no lago, mas nada podia amenizar minha depressão. E então fiz algo que eu realmente numa tinha feito na minha vida adulta. Eu rezei.

Pedi a Deus, “O que é que estou a fazer aqui? Quem é este homem? Estas pessoas estão todas doidas. Eu não pertenço a este sitio”. Neste momento me lembrei da frase, “Se  tivesse fé não precisaria de milagres”.

“Ok, Deus, eu não tenho nenhuma fé. Envie-me um milagre”. E continuei à procura de um arco-íris, mas nada aconteceu, então decidi ir embora no dia seguinte.

Na manhã seguinte pegamos um táxi de Kainchi até o templo, para nos despedirmos. Apesar de eu não gostar do Maharaji, achei que seria honesto ir lá e falar com ele. Chegamos a Kainchi antes de todos os outros e sentamos-nos na frente da sua varanda. Maharaji ainda não tinha saído de dentro do seu quarto. Havia algumas frutas na mesa e uma das maçãs tinha caído no chão, então eu me prostrei para pegá-la. Exatamente neste momento Maharaji saiu do seu quarto e pisou a minha mão, fixando-a no chão. 
Então estava eu lá, ajoelhado e tocando os pés dele, naquela posição que eu odiava. Que ridículo! Ele me olhou de cima e me perguntou, “Onde você estava ontem?” E então me perguntou, “Tu estavas no lago?” (ele disse “lago”, lake, em inglês). Quando ele falou a palavra “lago” para mim eu comecei a sentir essa sensação estranha na base da minha espinha, e meu corpo inteiro tremeu. Foi muito estranho. Ele me perguntou, “O que tu estavas a fazer no lago?”.

Comecei a me sentir muito tenso. Ele me perguntou então, “Estavas a andar a cavalo?”.

“Não”.

“ Estavas a passear de barco?”.

“Não.”

“Foste nadar?”

“Não.”

Então ele se abaixou e disse baixinho, “Estavas a  falar com Deus? Tu pediste alguma coisa?”

Quando ele fez aquilo eu desmoronei-me e comecei a chorar feito um bebê. Ele me puxou e começou a puxar minha barba e a repetir, “Pediste  alguma coisa?”. Aquilo realmente pareceu minha iniciação. Mas então outras pessoas chegaram e ficaram ao meu redor, me acariciando, e eu percebi então que quase todos ali tinha passado por alguma experiência como aquela. Uma pergunta trivial como “Tu estavas no lago ontem?”, que não tinha nenhum significado para ninguém, balançou minha percepção da realidade. Ficou claro pra mim que Maharaji viu através das ilusões, ele sabia tudo. Falando nisso, a próxima coisa que ele disse foi, “Vais escrever um livro?”.

Aquelas  foram as minhas boas-vindas. Depois daquilo eu só queria tocar nos pés dele”.

Dr. Larry Brilliant, Coordenador na Organização Mundial da Saude pela erradicação da variola, ex-director da Google, vencedor de TED Award

Deal with it


"From a Hindu perspective, you are born as what you need to deal with, and if you just try and push it away, whatever it is, it's got you."

Ram Dass

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

''Diante dos obstáculos, não pense nas dificuldades, mas sim na experiência que esse momento lhe está a proporcionar.''

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Rage within




Por vezes dizem-nos coisas que nos causa raiva, revolta, vingança, desprezo, etc.

Por vezes a pessoa diz-nos isso como uma informação, uma coscuvilhice.
Outras vezes diz-nos com intenção de nos comparar a outra pessoa, ou magoar.
Mas em 75% das vezes diz isso meramente como informação.

No entanto dentro de nós tal informação muitas vezes causa-nos raiva.
Por vezes raiva contra a pessoa da qual a informação é.
Muitas vezes raiva contra quem nos veio dizer a novidade.

Dentro de nós forma-se uma bola imensa - pensa que sou isto ou aquilo, a comparar-me, aquele sortudo, se eu ao menos....

Depois fazemos planos mirabolantes de vingança ou simplesmente entramos na malha depressiva e de rancores.

Tomemos um exemplo - A mãe da Veronica diz-lhe - Olha a Juliana arranjou um belo trabalho!!

A Veronica dependendo do seu estado de espirito e da forma como a frase foi dita começa a desdenhar na Juliana - sortuda, má como tudo mas com sorte, burra, etc. Depois ela ''vinga-se'' contra a mãe, ela bem sabia (achava ela) que a mãe lhe disse aquilo para a picar. Porque a vê como incapaz, ou o que seja.

Então dentro dela as causas são os outros, a mãe, o governo, o conservadorismo, a falta de sorte, etc.

Não que essas causas não existam, mas no fundo são meras desculpas, meros reflexos.
Foi Ela que se sentiu ferida.
Não pelo que foi dito.
Não como foi dito.
Mas sim Pelo Que Ela sente DENTRO dela.
ai esta a causa....

Não é o Pedro passos coelho, nem o Ronaldo, nem o cancro.
Isso ocorre feliz ou infelizmente.

A causa esta dentro da nossa mente que se vitimiza, que arranja soluções que não cumpre.

A ferida é interna.

Hoje quando me falaram uma coisa. Eu tive raiva daquela pessoa. Senti como se me comparasse.
E depois percebi.
ERA EU QUE ME COMPARAVA, EU QUE CHORAVA, EU QUE INVENTAVA.

Como alguém disse - A Dor é inevitável, o sofrimento é opcional.

Podemos acusar tudo  a nossa volta.
Por vezes temos razão, por vezes não.
Carregamos dentro de nós fantasmas de coisas que já pereceram, histórias que contamos over and over and over a nós mesmos, baixando a nossa estima, sofrendo, incapazes de fazer mudanças acusamos o mundo por não mudar!!

A sociedade é um reflexo de cada um.
Não existe um problema social, existe um problema de humanos.
E temo em dizer que se todos os problemas sociais se resolvessem, não resolveriam o problema que julgamos ter.


"É o ego que dá-lhe feridas e te machuca. É o ego que faz você, violento, com raiva, ciúmes, competitivo. É o ego que é continuamente o sentido miserável da vida."


Osho


“Our deepest wounds surround our greatest gifts.” 

Ken Page



sábado, 22 de agosto de 2015

Previsões para Setembro

7 de Espadas e 8 de Espadas

“Setembro, ou seca as fontes ou leva as pontes.”, é o que diz um velho adágio popular.

Oh boy, deixem-me ver por onde começar. 
Primeiro que tudo - Não esperem um mês fácil.

O 7 de Espadas representa acções que não resolvem nada, impulsos destrutivo, actos de ousadia e estupidez quando o ideal seria um plano bem cuidado.

Escolhi as duas cartas do The Wild Unknown por representaram as cartas de uma forma diferente à habitual.

O 7 de Espadas surge como uma raposa enrolada em si mesmo, ocultando uma espada, como se assim pudesse enfrentar e ganhar contra as outras seis.
Sugere enganos, truques, apostar em algo que vai falhar, suster uma crença que vai ruir, viver na falsidade.

Que acções  a sério tem feito para Mudar a sua VIDA??
Como se sente perante tantos enganos e truques que afirma para os outros e para si mesmo?
Que mentiras Vive ???
Como pensa viver a vida na mediocridade, na critica, no externo?

Associo a esta carta um certo atirar areia para os olhos, para os outros, para os nossos....
De alguma forma são as mudanças que fazemos para não mudar nada...olhamos para o lado, olhamos para o mundo, culpando, rejeitando, crendo, criticando, quando na verdade a culpa é nossa.
Somos nós que reagimos à vida.
''Somos responsáveis pelo material que a vida nos deu..'' é uma expressão ligeiramente adulterada  por mim do que diz Maria Lisete Soares.

O 8 de Espadas representa opressão. Uma borboleta rodeada por muitas espadas, fechada no seu casulo, como se tivesse esquecido que podia voar....

Esta carta representa opressão, confusão, baixa auto-estima, solidão, vitimização, crenças negativas, enfim a própria ignorância do ser humano.

Conta-se que no circo, para os elefantes poderem ser domados, desde pequenos são lhes atado uma corda à pata. E claro, não conseguem escapar...e vão crescendo com essa crença negativa, que aquela corda, agora um atilho mínimo é na verdade capaz de o prender.

Não existe qualquer libertação da ignorância, do problema, da vivência, da emoção para Setembro.
Os seus actos não são Verdadeiros, são frutos da ilusão com que se engana a Si mesmo.

Ciclos atrás de ciclos das mesmas escolhas. A sociedade é apenas um reflexo de si mesmo. E é mudando, conhecendo-se, libertando-se que se ajuda e ajuda a sociedade.

Que resumir de Setembro ?

- Mês nostálgico, doloroso, cansativo....
- Acções que não levam a nada
- Repetição
- Vitimização
- Continuar a olhar para tudo com os mesmos olhos

Conselhos - Conheça-se a si mesmo, reconheça em si uma co-autoria da sua vida. Páre com a ilusão, pare de se magoar, pare em crer em coisas que nem crê. Não minta para os outros, e especialmente não minta para si....



Aos Nativos de:

Carneiro - Pode sentir que apesar da opressão algo novo está a surgir em si. Vem da sua vontade, da aceitação do que é, e do poder da fé. São aspectos muito positivos ao nível emocional, ao nível da paz interna, que apesar do caos, lhe permitem alhear-se um pouco disso e sentir paz e perceber o rumo que quer para a sua vida. Saúde estável.

Touro - Opressão e actos que não levam a nada podem vir de desejos que não reconhece, que ignora ou que incessantemente repete. Encontra-se carente ou adito, nem que seja a uma ideia. Necessidade de melhorar a auto-estima e de perceber o valor da Liberdade que vem da Impermanência. 
Mês provavelmente irregular em todos os campos, e muito na saúde. Experimente comprimidos de alcachofra pela manhã e quando se sentir nervoso Passiflora e Valeriana.

Gémeos - Fazer o que nos faz sentir bem independentemente do status, mas sim do que sentimos na alma é sem dúvida um caminho para além da ilusão. Estes nativos podem sentir que se usarem a sua Vontade, que se viverem de acordo com o que internamente são, nem tudo será mau e o mau será apenas uma experiência.
É um mês insosso, sem problemas de maior mas uma vez que Mercúrio é o regente destes nativos e que o 8 é um aspecto negativo do mesmo planeta podem haver pequenos problemas, sentimentos de apatia e confusão, seguidos depois de reflexão que conduzem a uma acalmia.
Saúde regular, mas parte mental pode por vezes ir abaixo. Descanse, medite e aceite.

Caranguejo - Voltar ao regaço materno é sem sombra de dúvida o que pode auxiliar estes nativos neste mês um pouco pesado. Esta mãe nem sempre é fisica, mas sim o sentimento de que existe algum aspecto interno nosso que precisa ser cuidado e que ao mesmo tempo nos induz a sermos melhores para os outros, melhores para nós mesmos e ao mesmo tempo nos destapa um pouco a crisálida da borboleta para podermos ver a ignorancia e assim modificar a nossa vida. Um mês com alguma luz.
Saúde regular, se se sentir em baixo de forma experimente Lactoferrina que ajuda a melhorar defesas e combater anemia e cansaço.

Leão - As acções que não levam a lado nenhum são duplas para estes nativos. Cuidado com planos, mudanças, discussões, impulsos...muitas vezes não levam a nada, apenas reflectem a negatividade, raiva e apegos que temos dentro de nós. Seja honesto consigo mesmo - Que anda a fazer da vida? Acha que os seus comportamentos e ideias para agradar aos outros, para subir o levam verdadeiramente a algum lado?
Que tem feito da sua vida, que não muitas vezes repetir os mesmos erros, ganhando batalhas que apenas o magoam internamente? Seja honesto, pare de se magoar.... Saúde débil, cuide da saúde cardíaca, faça um check up, tome Espinheiro alvar e Cidreira quando se sentir nervoso, tenso.

Virgem- O Sol acaba de entrar no signo e obviamente a carta que cai leva aos prazeres. É importante que se sinta feliz. É importante que encontre as raízes dos seus problemas e consiga altera-los, ou aceita-los e tentar ser feliz. Bom mês, com boas novidades e apesar do ambiente tenso, creio que pouco irá sentir.
Saúde boa, mas cuide dos excessos de álcool.

Balança - Perante a dor pode escolher - ou faz dela a sua alquimia ou  irá apenas continuar a vitimizar-se.
E ao fazer isso continuar a sofrer. Triplas espadas indicam que a sua mente é a causa da discórdia. Os outros, o mundo, a vida são cheios de problemas, e todos queremos ser felizes.  Mas a sua ansiedade não vai melhorar o outro, o mundo a vida. Mas se se acalmar, se vencer os medos, perceberá uma nova perspectiva. O seu corpo reagirá com endorfinas e serotonina, sentir-se-à melhor e mais positiva, e sem ter mudado NADA um amanhecer pode surgir na sua vida escura. Saúde irregular mas muito devido a ansiedades, medos, vitimização. Tome Rhodiola rosea e um oligoelemento o lítio, em baixas doses que o podem ajudar.

Escorpião - Existem duas reacções perante a dor - ou a aceita e ultrapassa, ou finge que ela não existe.
A diferença é brutal entre ambas. A primeira permite a pacificação, a abertura, o surgir da Vontade, um caminho abre-se, a ignorância cessa. O segundo apenas deixa a dor lá, pequena como uma moinha, que vai crescendo, minando a sua auto-estima, os seus planos, rodeando-o de medo e ilusão. Conheça-se a si mesmo. É o maior conselho e o que todos pensam mentalmente conhecer e não conhecem. Saúde muito regular. Se tiver vertigens tome o homeopático Vertigo heel.

Sagitário - Pode ter um mês cuja sorte ou o seu conhecimento de si o podem dar o poder do toque de Midas. Ou seja, a sua vida pode ter um crescimento, vitalidade, energia. Saiba usar essa energia para os seus projectos, para a sua realização, para tudo o que é Verdadeiro em si. Se se sentir mal creia que as coisas mudam e que nem sempre as coisas ocorrem como desejaríamos. Seja confiante, oiça o seu coração.
Saúde excelente. 

Capricórnio -  Ninguém gosta de um mandão, convencido ou arrogante. Reconheça em si a ignorância, sublime os seus aspectos negativos. Não seja tempestuoso ou impulsivo, vai dar para o torto, acredite!!
É um mês para reflectir sobre si mesmo, sobre os seus projectos, sobre aquilo que não está a funcionar. Talvez não funcione porque você controla. Deixe que os outros tenham uma palavra, faça as coisas por prazer, aceite que não dá e repense tudo Calmamente. Saúde débil por excesso de nervosismo que podem até causar ataques de pânico ou palpitações, experimente uma infusão diária de Tília, Camomila, Cidreira, Crataegus e Passiflora. 2 a 3x ao dia.

Aquário - Nostalgia, sensação que nada muda, que o bote pode se afundar, que tudo é lento. Assim são as influencias deste mês. Não desanime, aproveite para sentir o que sente e perceber as ilusões que existem no seu pensamento. Muitas vezes guardamos coisas apenas pelo hábito de guardar, é assim com objectos mas particularmente com emoções, crenças e pensamentos. Talvez fosse bom viajar, mudar de ares, apanhar ar.
Saúde não está bafejada mas está em fase curativa. Melhore-se com um multivitaminico.

Peixes - Passamos por vezes por tantas dores, que ficamos machucados. Assim repetimos experiências, comportamentos, mudamos de personalidade, adaptamos-nos á vitima que criamos. Tem o poder de expelir de si toda essa negatividade, toda essa agressividade, todo esse ressentimento. O passado passou...deixe-o ir. Perceba que não o pode mudar, mas que ele mudou-o  e o seu presente é o reflexo dele. Não deseje que o seu amanhã continue a ser o reflexo do hoje que é um reflexo do passado....Seja directo mas não machuque. Aprenda a ouvir os outros, compartilhe experiências, perceba a génese do pensamento humano - todos desejamos e sofremos quando algo não ocorre. Saúde normal mas com possível tendência para dores de cabeça ou dos membros superiores. 

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Os defeitos da vida


''Na véspera de Natal, minha mulher e eu fazíamos um balanço do ano que estava terminando, enquanto jantávamos no único restaurante de um povoado nos Pirinéus. Eu comecei a reclamar de algo que não tinha ocorrido exactamente como eu desejava. Minha mulher fixou sua atenção numa árvore de Natal que enfeitava o lugar. Achei que não estava mais interessada na conversa e mudei de assunto: “bela a iluminação desta árvore”, eu disse.

“É, mas se você reparar bem no meio destas dezenas de lâmpadas há uma que está queimada. Eu lhe escutava; me parecia que, ao invés de ver o ano como dezenas de bênçãos que brilharam, você fixou seu olhar na única lâmpada que não iluminava nada''.

Paulo Coelho


Reflexões

Além dos sofrimentos do nascimento, da velhice, da doença e da morte, os seres humanos têm de suportar os sofrimentos que eles próprios criam.
 Em virtude da ignorância e das visões falsas, as pessoas dizem e fazem coisas que geram
sofrimento para elas e para os outros. A cólera, o ódio, a desconfiança, a inveja e a frustração estão na origem do sofrimento. Tudo isso nasce da falta de consciência.

A via que eu descobri permite transcender a dor, a angústia e todas as inquietações pela contemplação da sua verdadeira natureza. Mostrei esta via a muitos seres que, por sua vez, a descobriram também.

Buda

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Ser coerente

''Não procure ser coerente o tempo todo. Afinal, São Paulo disse que “a sabedoria do mundo é loucura diante de Deus”.
Ser coerente é usar sempre a gravata combinando com a meia. É ser obrigado a ter, amanhã, as mesmas opiniões que tinha hoje. E o movimento do mundo – onde fica?
Desde que você não prejudique ninguém, mude de opinião de vez em quando, e caia em contradição sem se envergonhar disso.
Você tem este direito. Não importa o que os outros pensem – porque eles vão pensar de qualquer maneira.
Por isso, relaxe. Deixe o Universo se movimentar à sua volta, descubra a alegria de ser uma surpresa para você mesmo. “Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios”, diz São Paulo.''


Paulo Coelho

Um ou outro amigo meu acredita que devem ser coerentes para com a sociedade.
Se os outros são amarelos nós devemos fingir que somos amarelos para conseguir ir em frente, ou obter lucros e favores com isso.

Não creio nesse tipo de coerência. Devemos ser coerentes connosco próprios.

Ser coerentes com a sociedade lembra muito os judeus forçados a serem cristãos, ou os gays a casarem para mascarar a homossexualidade. Ou seja, uma pessoa coerente com a sociedade tem uma grave crise com ela mesma.

Eu creio que a sociedade é demasiada coerente, formal, rigida e dogmatica e creio que o futuro passa por cada pessoa ser o que é, livre, assaz, não formatada. 
Claro que em termos materiais, se quisermos grandes conquistas, ai devemos abdicar da ''nossa alma e conquistar o mundo.'' Mas não creio que as conquistas sejam assim tanto ao negarmos quem somos.
Além disso creio ser absolutamente incoerente uma pessoa se definir pelo seu grau de afinidade com o social.

Não me digam que uma pessoa é verdadeira quando é coerente. Essa pessoa até pode não ser manipuladora ou mal intencionada, mas ao não ser quem é, esta a manipular e a mentir para si mesmo.

Não pode haver verdadeira espiritualidade por cima de coerência. Cristo e Buda foram os maiores incoerentes da face da História. 
Um morreu mesmo por isso.

Por isso a coerencia é no fundo não sermos nós próprios, forçarmos ser algo para não estarmos sós, ou sermos aceites.
Isso para mim não é vida.

Mais vale perder o mundo e ganhar a Alma.....






sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Micronutrientes num caso de Depressão


Uma paciente com 75 anos, sofria há mais de um ano com Depressão devido à morte do esposo.
Não queria tomar nada, e sentia-se muito revoltada, com crises de ansiedade e com insonias frequentes.
Havia tomado 2 antidepressivos sequenciais - Citalopram e Trazodona.

Havia descontinuado ambos, um por lhe causar eosinofilia ( aumento excessivo de celulas sanguineas) e o outro por lhe dar muito sono.

No entanto a neta referia constantes mudanças de humor, bem como crises de choro frequentes.

A paciente começou  a fazer Melatonina 0,4mg por dia + Litio 700mcg diarias ( 0,7 mg).

Ao final de apenas 8 dias, a neta referiu que a avó tem dormido mais e já se sentem algumas mudanças no humor. E em apenas 15 dias a paciente já tem outro animo e dorme mais horas por noite ( 5horas no inicio do estudo para 8 horas actuais)

Apesar de ainda ser muito cedo para podermos falar de grande sucesso é sem sombra de dúvida um bom resultado, com :
- melhoria da qualidade e quantidade do sono
- melhoria no humor
- melhoria nos pensamentos obsessivos e ansiedade.

A Melatonina é  uma hormona, secretada pela pineal, que tem um efeito na indução e manutenção do sono, causando estabilidade no tecido neurologico, aumentando as conexões entre as sinapses, reduzindo a inflamação e modulando a imunidade.

Já o Litio é um mineral, com muitos usos na Medicina.
É usado para melhorar e combater Transtornos bipolares, tem acção antidepressiva, alguns estudos apontam-no como capaz de atrasar a degeneração das Doenças de Parkinson e Alzheimer, ajuda nas cefaleias ( dores de cabeça), entre outros.

Ao ser uma dose muito muito baixa permite que não existam praticamente efeitos secundários nem toxicidade associada.

Neste caso isolado, que continuamos a avaliar, em 15 dias pelo menos houveram progressos onde outras drogas falharam e que puderam, pelo menos até ao momento, trazer algum alivio e qualidade de vida a uma paciente e consequentemente também à sua família.


Mais sobre Melatonina - http://iscador.blogspot.pt/2014/01/sono-uma-cura-natural.html

Estudos :

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25093483
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24919696
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24824661
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25179086
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24718775




Fear the Fear




Sempre pensei que tivesse um medo, ou melhor um grande medo.

Esta noite por volta das 1h da manha ouvi o cão a ladrar incessantemente e tive a sensação de alguém andar no meu quintal. Esperei à janela sem fazer barulho ...nada.
Poucos minutos depois um ruído dentro de casa voltou a assustar-me. Estaria alguém em casa?

Lembrei me então do meu medo de ter uma doença mortal. Naquele momento isso não me assustava.
Havia algo mais premente e terrível. O meu fim viria mais rápido.
Naqueles instante percebi como o Medo é apenas UM, o resto são apenas formas, sejam eles doenças, cobras, aviões, lagartos, cães, etc.

Temos Medo da Morte, medo da Mudança, Medo da perda. Esse é o Medo original.
O resto são apenas formas, qual metamorfo o Medo assume!

Obviamente que este é um assunto para reflectir, pois no fundo mete metafisica com filosofia, psicologia...enfim com o Intimo de todos nós.
Aprofundar o medo é algo raro para a maioria das pessoas.
Têm medo e pronto. Ou tentam vencer o medo ''local''.

O medo local é uma especie de lesão in situ...num só espaço. Não é o Medo sistemico, o medo que corrompe que toma várias formas.

Uma pessoa, falo por mim e para mim, que tem um medo especifico, seja andar de bicicleta ou de doenças, o seu medo é apenas um símbolo, uma espécie de código para outros medos, que na maioria dos casos vai ate ao medo da morte.

Questionar o medo é quase uma experiência de coragem.
Ninguém o faz...
ou melhor apenas Debilmente o fazemos.

Tenho a vaga sensação que não questionamos o medo, porque questionar o medo é questionar Quem Somos, e isso pode levar a Mudança de tudo o que tomamos como garantido, como nosso, como parte de nós. É como se isso nos levasse a descobrir um ''filhote'' de Alien dentro de nós. Algo que alojamos, acariciamos, mas que no fundo nos corrompe e não é nosso.

Vivemos numa sociedade que não questiona nada.
Cada individuo assume tudo como certo - a historia que lhe contam, as crenças que aprendeu, os maneirismos, as suposições, as convicções politicas, etc
E quando algo, alguém , o que seja sai das quatro paredes ou da maneira que esperamos, surge o medo, a raiva, a indignação.
E mesmo quando algo em nós despertou, esse Ser ainda continua a olhar para os outros, errados ou certos.
No fundo ele não percebe que é Ele que tem que se auto-descobrir e fazer a sua Vida como ele É.

O medo é no fundo um apoio, um obstáculo e uma meta.

Um apoio para nos impedir de fazer coisas arriscadas.
Um obstáculo que nos impede de fazer coisas diferentes, arriscadas mas muitas vezes Verdadeiras.
E uma meta, pois o Medo serve de conquista. Conquistar o medo, compreender a sua origem e perceber que a sua Origem é no fundo o Desconhecimentos do Nós.




quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Semana profunda


A minha ultima semana foi bem forte.
Fez me vir a memoria velhos medos e velhas fobias.
Achei interessante ''testemunhar'' a minha mente perante esses antigos medos.
Por um lado percebi que uma parte de mim não tinha vencido esses medos, simplesmente não estavam activados. Mas ao cometer um risco eles avivam-se.
Outra parte de mim analisava esse medo de forma mais calma mas ainda fobica - que ervas tomar, cápsulas, estudos.....
Por outro lado percebi que uma parte de mim não entrava em pânico, era mais fria e racional e que percebia que apesar de riscos e problemas reais poderem surgir a calma havia de imperar.

A hipocondria, assim todos os medos, todos os dogmatismos, TUDO o que causa dor vem da Dor da Mudança. Temos medo de mudar, de morrer, de perder.....

E a Dor da Mudança vem da ignorancia.

O porco simboliza a ignorancia por nao saber que tudo Muda. Que a impermanencia rege o nosso dia. 
Nascemos, crescemos, morremos, ganhamos, perdemos, achamos...

O Galo simboliza o desejo - o querer. 
Como a criança que ganha brinquedo e depois quer outra. O adulto numa relação que quer mais e nunca esta satisfeito. O idoso que queria algo e ja nao pode ter.
E ao mesmo tempo o Galo simboliza o MEDO de não ter. 

E a cobra representa a Aversão, o que não queremos, o que tememos.

Uma parte de mim então não aceita a Mudança, a perda, a doença, etc
Outra parte quer saude, realização, satisfação, prazer.
Nascem e voltam ao centro - a ignorencia que tudo Muda.


Olho agora para os eventos.
Tento ter uma acção discreta sobre eles.
E por outro lado tento aceitar tudo o que me podem trazer.

Tudo isto claro, com dor mas luz da consciencia.

Se me perguntarem como reajo com os meus medos, a hipocondria em MIM (não nos outros)?
Reajo melhor que anteriormente.
O medo existe claro, mas tento não o alimentar...






sábado, 8 de agosto de 2015

O medo que vem do não-conhecimento



“Talvez a maior razão pela qual temos medo da morte é porque não sabemos quem somos. Acreditamos em uma identidade pessoal, única e separada — mas se nos atrevermos a examiná-la, descobriremos que essa identidade depende totalmente de uma coleção interminável de coisas para se sustentar: nosso nome, nossa “biografia”, nossos parceiros, família, casa, trabalho, amigos, cartões de crédito… É com a ajuda frágil e transitória delas que nós baseamos nossa segurança. Então quando tudo isso é subtraído, teremos alguma idéia de quem realmente somos? Sem nossos acessórios familiares, temos que encarar a somente nós mesmos, uma pessoa que não conhecemos, um incômodo estranho com que estivemos vivendo todo o tempo mas nunca realmente quisemos conhecê-lo. Não é por isso que temos tentado preencher cada momento do tempo com barulho e atividade, não importa o quão trivial ou monótono, para garantir que nunca fiquemos em silêncio sozinhos com esse estranho?”
~ Sogyal Rinpoche, no “Livro Tibetano do Viver e do Morrer”

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

let go....



“Acima de tudo, esteja à vontade, seja tão natural e aberto quanto possível. Quietamente abandone a armadilha do seu eu ansioso habitual, solte a avidez e relaxe-se em sua natureza verdadeira. Pense nesse seu eu ordinário, emocional e comandado-pelo-pensamento como um bloco de gelo ou de manteiga deixado ao sol. Se você está se sentindo duro e frio, deixe essa agressão derreter nos raios de sol da sua meditação. Deixe a paz trabalhar em você e lhe deixar assumir sua mente dispersa… e despertar em você a consciência e a percepção da Visão Clara. E você vai ver toda a sua negatividade se desarmar, sua agressão se dissolver e sua confusão se evaporar lentamente como uma neblina dentro do céu vasto e puro da sua natureza absoluta”.

— Sogyal Rinpoche, em “O Livro Tibetano do Viver e do Morrer”

Uma blasfémia chamada Deus

 Deus é uma blasfémia. O Deus de Isaac, de Jacob, de Jesus, de Krishna ou que nome seja. Deus é amor diz São João. Onde está esse amor quand...