sábado, 21 de maio de 2022

Sonhos ou Sonos?

 Será o sonho que sonho, que procuro, apenas uma limitação do ego?
Será que o sonho nos fecha num campo de irrealidade em que ficamos limitados a algo ''extremamente definido'', procurando algo ''extremamente definido'', no fundo procurando apenas algo que nos tape o buraco, ou melhor algo que achamos que vai tapar o buraco que temos dentro de nós?

E não será esse algo, apenas um reflexo egóico do buraco, algo como um chocolate que nos consola e não o nosso maior e melhor potencial ?!

Sonhamos com algo que queremos que nos tire da solidão, da sensação de pequenez, de pouco valor, de vazio, de não merecimento. 
Os meus sonhos dividem-se em duas categorias - sonhos de poder, em que me vejo rico, poderoso, em que posso  envaidecer-me junto dos que conheço, aos do meu passado que me magoaram e me fizeram sentir pequeno, indefeso e fraco, como uma chapada de luva branca...... ou então são sonhos de alguém, de uma mulher  linda, baixa, amorosa, perfeita nas suas imperfeições, uma espécie de idílio utópico, um Éden perdido e ancestral.

E ao olhar isto, ao sonhar isto, ao procurar isto, apenas tenho olhos para isto.
Em cada cidade que vou, cada avenida que percorro, cada aventura, eu apenas procuro isso.

E isso nunca vem...

Estarei eu a limitar-me?
Estarei eu no fundo a amar e a procurar apenas uma fantasia??
Estarei eu a perder o resto, a deixar caminhos, a fixar os olhos numa nuvem ilusória e sem ver e apreciar todo o horizonte???

Mas o buraco, o buraco está lá!!
Como posso olhar para outra coisa qualquer se o buraco está cada dentro, assim a ressoar, a remoer, a zumbir a cada momento, a doer e doer e doer?

Doi tanto que apenas quero ''aquela'' cura....e por essa cura, rezo, faço rituais, viajo, espero, .....

Sinto que devo olhar o buraco.
Olhar, vislumbrar, apreciar os meus passos, as minhas dores, os meus caminhos bons e menos bons.
Talvez deixar de sonhar!

Permitir o buraco viver.
Permitir estar, sem o grito da ilusão que vem do buraco e que me diz tudo o que sinto sobre mim, e estar sem a nuvem do sonho que espero que venha para tapar o mesmo buraco.

Caminhar na senda dos dois lados, sem me vitimizar, sem odio, com auto-amor, apreciando cada passo e não o rio das ilusões boas ou más, que rodeiam as aguas do meu ser.



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