sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Impermanência e Rotina

Acabei de deitar o meu afilhado. Enquanto me deitava ao lado para fingir que também ia dormir, pus me a pensar na vida.
Acabei por pensar em quantas gerações existiram antes de mim, e quantas gerações existirão depois de mim. Senti-me um pouco existencialista, uma areia no infindável universo, um momento no tempo Eterno.
A seguir lembrei me de hoje ouvir uma vizinha comentar com a outra sobre o frio e como uma já tinha posto lençóis de flanela, mas ainda não os polares.
E este pensamento levou me ao passado, a um tempo em que Flanela era o mais quente que havia.
E de repente lembrei me que esta conversa rotineira, este bocado de tempo mal usado, na verdade até era bastante Importante.
Nós não damos valor nenhum ao presente. Achamos tudo banal, talvez por estarmos concentrados no futuro, talvez por subestimarmos os eventos rotineiros do dia a dia.
Acredito que quando vivemos o presente em pura acepção, qualquer que seja o cenário, ao vivermos esse momento Conscientemente, daremos mais valor aos outros, a nós mesmos e a cada momento das nossas vidas.
Dei por mim a relembrar os intervenientes da conversa e de uma espécie de carinho por eles surgir, dei por mim a lembrar os que amo e tanto temo em perder, lembrei me da Lei da Impermanência de Buda.
Fiquei a pensar se Buda teria descoberto que Nada é Permanente ao olhar a chuva. Engendrei que ele teria pensado nisso e no conceito de reencarnação quando olhou a agua, que muda de estado, que desce tanto num oceano como num deserto.
Pensei que no fundo somos gotas de agua no oceano divino da existência  E ai o meu pequeno pensamento existencialista findou-se. 
Porque mesmo que a agua evapore ela continua a existir.
E que cada local, cada coisa, cada movimento dela tem um Sentido.

Levantei me, vesti um robe ( está um frio de rachar em VP) e desci. 
Senti levemente em mim o gosto da vida, e uma sensação (rápida) de que tudo tem Sentido, que tudo tem Continuidade, apenas a forma muda.

Espero encarar o meu dia de amanha, os meus encontros e desencontros, as minhas chatices e a rotina com um desejo de Viver profundamente cada momento, e poder mudar Mais e mais rumo a mim mesmo.

1 comentário:

  1. Mesmo os mais descrentes não podem negar que há sempre um bocado de nós que fica para o mundo, quando morremos.

    Boa reflexão.

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