sábado, 23 de abril de 2011

un peu de ce que je crois


entrevista a Jean Yves-Leloup
Pergunta - Você acredita em Astrologia? 

Jean-Yves Leloup – O homem é uma parte do universo e depende dos astros. Isso faz parte da sua unidade com o cosmo. Gosto das palavras de Santo Tomás de Aquino, que diz que os homens dependem dos astros, mas são maiores do que eles. Não somos completamente determinados pelos astros. O homem é uma mistura de natureza e de aventura. Creio na Astrologia, mas não no determinismo. 

Pergunta – Quando você diz que aceita postulados da Astrologia, essa é uma opinião pessoal ou é um consenso em sua igreja? 

Jean-Yves Leloup – Na igreja ortodoxa há diferentes teólogos, com pontos de vista diversos. A linha de pensamento em que estou engajado respeita a Astrologia. A consciência da relação do homem com o universo, a consciência da sua liberdade e a consciência daquilo que o ser humano faz em relação ao universo – essas são questões muito tradicionais. 

Pergunta – No seu livro A Arte da Atenção, você define o oceano como “um deserto em movimento”. O deserto parece ser um dos seus temas constantes. Se para você o deserto é uma metáfora, ele simboliza o quê? 

Jean-Yves Leloup – Simboliza o silêncio – o silêncio de onde vem a palavra e para onde a palavra volta. O deserto é também uma metáfora da vacuidade – a vacuidade de onde vem o mundo e para onde esse mundo volta. Quando estamos no deserto, nesse espaço de silêncio, nós nos aproximamos dessa vacuidade essencial e não somos distraídos pelas formas. Entramos em contato com o que não tem forma — a origem de todas as formas. 

Pergunta – Você acredita em reencarnação? 

Jean-Yves Leloup – A reencarnação é uma explicação possível. Ela é importante para dar-nos um sentido de responsabilidade e para colocar-nos em contato com as conseqüências dos nossos atos. A idéia de reencarnação está ligada à idéia de justiça e à lei do Carma. O Evangelho diz que o que você planta, você colhe. Nesse sentido, a idéia da reencarnação pode ser útil. Mas os grandes sábios da Índia dizem que a reencarnação é uma crença popular e uma forma de interpretar o que está além do espaço e do tempo. Crer na reencarnação é acreditar na continuidade do espaço-tempo. Por isso, há uma diferença entre reencarnação e ressurreição. O objetivo humano é sair do ciclo da reencarnação e atingir um estado de ressurreição que está além da necessidade de reencarnar e constitui uma libertação. Quando perguntaram ao indiano Ramana Maharshi para onde ele iria depois da sua morte, ele respondeu: “irei para onde sempre estive”. Ele não fala de reencarnação, nem do encadeamento de causas e efeitos. Ele destaca que há dentro de nós algo que está livre da roda de causas e efeitos, livre do samsara. É esse estado de despertar que devemos descobrir.

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