sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Dinner Scene

Antes de lerem peço-vos que vejam o Video ao lado, intitulado Fire walk with Me - Dinner scene.


Para uma parte dos fãs da serie Twin Peaks o misterio da morte de Laura Palmer, e enfim os misterios de toda a serie residem num estranho mundo espiritual e oculto que se manifesta na estranha mata.

No entanto o filme, desconstruçao da serie, vem por fim a esse misterio e trazer a verdade, - que a culpa e os misterios da serie residem no Lado Negro da alma humana.

Os misterios de Twin Peaks sao simplesmente a metáfora para o lado negro e brutal que existe em toda a humanidade.

Será Bob um espirito, ou simplesmente a mascara criada para ocultar a verdade, que é por fim mais tragica e cruel que o proprio espiritual e oculto?

Será Leland um santo homem que sem querer deixou entrar um demonio dentro dele, ou nao sera ele um homem torturado com um lado negro e destrutivo que se mascara num intuito de nao se deixar reconhecer aos outros e a si mesmo?

Será Laura a prostituta, a drogada, a resabiada, ou simplesmente uma vitima de um mundo interior destrutivo, que foi detiorado pela sociedade, sendo sim uma vitima social?

Fire Walk With me é na verdade uma desconstruçao da serie, porque simplesmente vai aos acontecimentos, sao a reconstituiçao da cena do crime, sao os proprios acontecimentos. A serie é apenas o palpite, a conclusao forense, o resultado da perda.

O filme é o acto, é a verdade, é a dor verdadeira. O filme é o mundo interno exposto, sem no entanto nos deixar certezas, é sempre a verdade e a dúvida.

Durante os 17 primeiros episodios da serie o misterio da morte de Laura Palmer é o tema dominante.
A familia Palmer nunca nos aparenta uma familia vulgar : as imagens do casarao, as danças de Leland, as visoes e o vicio de nicotina de Sarah, as fotos de Laura que parecem nos falar, o quarto...

Apos a morte de Madeleine Ferguson por Bob/Leland e, apos a sua prisao e morte, ficamos encerrados numa duvida de quem é quem.

O filme responde-nos a isso, na verdade o filme responde a muito mais. Mas fa-lo de um modo silencioso, de um modo simbolico, quase onirico, trazendo toda a estraneza da serie para explicar de modo quase freudiano as verdade sexuais e tenebrosas que assombravam a serie e o misterio por detras da mesma.

''The man behind the mask is looking for the book with the pages torn out. He is approaching the hiding place. He is under the fan now.
'' - diz-nos Pierre, o neto da Sra.Tremond.

Quando Laura se aproxima ela ve Bob, e pouco depois o pai a sair de casa. A duvida continua, quem é a Mascara??

Mas o filme mostra-nos com profundidade que a familia Palmer é mais estranha, mais sofrida, mais obscura que a imagem feliz que a serie fazia denotar.
Sarah bebe, fuma descontroladamente, é drogada, grita e teme o marido......
Laura vive numa encruzilhada de mundos, entre a luz e a sombra, entre o que esta certo e errado, entre a verdade e a ilusao. Ela é uma santa e uma pecadora.
E Leland...quem é leland? Apenas uma marioneta de Bob?!

O filme mostra-nos tambem duas facetas, dois polos, como duas identidades vivendo no mesmo ser. Ele é severo, controlador, vingativo, e ao mesmo tempo doce, um pai amoroso e simpatico.

Mas é no final do filme quando laura encontra bob ela pergunta-lhe Quem és tu ?
Ela nunca poderia fazer essa pergunta se Leland fosse a mascara e Bob a identidade.

Bob é a mascara, ela nao consegue ver a realidade, ela nao quer VER.
E questiona-se, e questiona-o e por fim tem uma resposta.
A mascara cai, e a dor da realidade é 100vezes superior á da ilusao.

Quando Laura se encontra ja no vagao, ele diz-lhe : eu sempre pensei que tu soubesses que era eu!?
O filme volta a responder a questao.

Mas talvez a alma de Leland seja verdadeiramente Bob. Simbolicamente ela é .

Tal como simbolicamente Laura seja o arquetipo do Ser humano, assombrado pela sociedade, pelos impulsos e emoçoes, vivendo a vida da melhor maneira Que Consegue, soluçando entre a dor e a alegria, entre as trevas e a luz.

2 comentários:

  1. Sem dúvida. Laura é quase uma figura de Cristo que é constantemente corrompida pela sociedade. É curioso pois conhecendo-te como conheço, só agora compreendo a sério a tua identificação com a personagem de Laura Palmer e com o seu martírio. Mas por íncrivel que isto possa parecer, a tua terra ainda não é tão má como Twin Peaks, e tu também não tens que ser um joguete nas mãos dos outros, só o és se quiseres.

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  2. Como adenda: Ainda bem que, apesar de eu ainda não me ter apetecido criar um blog (por preguiça ou por falta de ideias), tu o tenhas feito antecipadamente. De certa forma, o teu blog funciona como uma catarse, como um processo de auto-cura e de escreveres de forma criativa. E isso é muito positivo.

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Na nossa vida, o maior de todos os sabotadores somos nós mesmos. Uma parte de nós deseja brilhar, ser quem é,  triunfar, mas outra parte tem...