quinta-feira, 25 de abril de 2024

25 de Abril

 Parece que Alzheimer invadiu a mente de grande de parte dos portugueses, tendo muitos repudiado o dia da Liberdade e aplaudindo ditadores e glorificando o bafiento de Santa Combadão.

Não posso jamais esqueçer esse dia, não porque o vivi, mas porque nos trouxe um mundo livre.

Não posso esquecer o passado, pela memoria deste, mas também de tantos que morreram numa guerra estupida. 

Hoje penso no meu tio que morreu com 22 anos.

Viva a Liberdade...
Falta-se cumprir Abril ....


sexta-feira, 19 de abril de 2024

As Palmeiras

 


Estou aqui e nao vejo as palmeiras bem em frente a mim.

Nao vejo a marina, nem o mar, nem as pessoas que passam.
Eu apenas vejo os meus anseios, as minhas tristezas, os meus medos, a minha solidão e este vazio.
E sinto o vento, como um tempo que passa, e aqui permaneço neste banco só mesmo passando centenas de pessoas por mim.
Quando aqui venho penso em como o pensar nos limita e nos encerra num cubiculo de uma jarra de expectativas.
Procuramos qual folha de acetato preencher o mundo com esses desenhos, mas quer a realidade que o desenho se apague ficando apenas uma folha esborratada, como alguem que se perde num caminho sem tabuletas, nem letreiros nem direcções.
Ficamos ai absurdos, nos desvaneios das camionetas e das salas de espera dos aviões, porque o real não procuramos apenas o esboço emocional que sonhamos encontrar...
Lembramos o passado porque algures nos sentimos felizes, porque o passado é seguro
Olhamos o futuro porque queremos tudo o que nao temos.
E assim esquecemos o presente.
O agora.
Olho agora as palmeiras... parece. Tao pequenas e insignificantes perante o meu vazio interior.
Nos fugimos do aqui e agora porque o aqui e agora doi.
Doi ainda mais quando o futuro que sonhamos se torna hoje e o hoje nao tem nada do que sonhamos.
Onde esta o castelo e a princesa?
Em que rua fica o encontro sonhado e os beijos que nao demos?
Em que momento a misericórdia divina nos escutou e a nossa vida se abriu como um girassol?
Olho uma criança que passa no seu patinete.
Sem passado e sem se preocupar praticamente com o futuro, ela vive intensamente o agora.
Porta se como criança, chora, faz birra, cai no chão e de repente ja ri, brinca, sorri.
Tudo nela é o que é
Nao criou mascaras nem fobias nem medos nem anseios
..nem descobriu ainda a solidão avassaladora que preenche o ser humano.
Quando estou aqui eu nao estou aqui.
As crianças os velhos e as outras pessoas todas passam... eu nao sou nada para elas e elas nao sao nada para mim
Aqui sem chorar choro, sem sofrer sofro e entendo como a minha vida é igual a este calçadão.
Se eu nao as vejo (as palmeiras ), elas vêem me.
Estao aqui ha anos, algumas decadas, a ver passar esta gente, estes carros, o fumo e a sujidade, os beijos e os gritos, o nada e o tudo.
Entendo as, testemunhas do tempo , aniquiladas de desejos apenas existem.
Por fim vejo as.
Elas debruçam se sobre o vento e sussurram me - a felicidade é o que existe quando deixamos de pensar.

Um ano depois

Faz hoje um ano que voltei de Itália. Foram 25 dias muito intensos.  Fiquei alojado numa terra chamada Agrate Conturbia, que fica entre Milã...