domingo, 19 de maio de 2024

Um ano depois
























Faz hoje um ano que voltei de Itália.
Foram 25 dias muito intensos. 
Fiquei alojado numa terra chamada Agrate Conturbia, que fica entre Milão e Turim.
Trago boas memorias dos cães que tomei conta - Laika, a única cadela que ficava  na mansão, Arek, Czar, Zeus e Rafa. 
Gostei tambem de algumas cidades que visitei como Arona, Novara, Milão e Turim. 
Fiquei fã da comida.
Apanhei susto quando de noite pensei que havia alguem a escavar os jardins da mansão e eu sozinho...chamei a policia, a policia não falava ingles, e afinal não se encontrou nada.
Lembro o dia em que vim a pé com a bicicleta ao lado, devido a uma subida enorme num dia de sol abrasador, apos ter ido passear até Borgo Ticino, Dormelletto e Comignano.
Recordo com alguma nostalgia, quando o Alberto me deixou as 7h da manhã ao pé do cemiterio de Turim - tudo escuro, nevoeiro e aquele sitio enorme e meio assustador. 
Passeei pela Grande Madre de Dio, a Chiesa di Santa Maria del Monte dei Cappuccini, o Vittorio veneto e as arcadas a Via Po, ao fundo a Mole Antonelliana, o Museu Egipcio, a Piazza San Carlo, o Duomo de Turim, etc.
Com carinho agradeço também a presença da minha amiga Miccaela, que me ajudou e me deu boleia para o aeroporto, quando não havia transportes nem taxis disponiveis.
Também tive momentos bem duros - quando achei tar a ser assaltado, quando o Alberto me punha trabalho pesado ou que eu nunca tinha feito, quando tive que dormir no aeroporto em pessimas condições, quando tive que gastar dinheiro para comprar voo de volta, quando fui maltratado e vim embora, quando percebi que os alunos italianos não percebiam patavina de inglês.

Mas agora a distancia do tempo e espaço, posso dizer que nem tudo foram rosas mas nem tudo foram cardos e que valeu a pena. 
Gostaria de ter aproveitado melhor e conhecer outras terras como Ricaldone ou ir a Génova.



 

quinta-feira, 9 de maio de 2024

Des histoires qui font partie de moi

 


Às vezes olhamos a nossa vida e dela vemos apenas dor e ao olhar tantos outros, parece que somos injustamente castigados. 
Sim, há pessoas com muita sorte na vida. 
Mas quando olhamos profundamente, vemos que todos temos os nossos dramas e histórias, as nossas cargas tóxicas, as nossas tristezas e os nossos problemas.
Por vezes na nossa vida preferimos achar que a palavra de outro é que foi culpada - o meu pai porque me disse isto ou aquilo, a nossa tia que nos achincalha, o colega y ou z...
Mas não....a culpa é nossa, porque aceitamos essa palavra como acção na nossa vida, conscientemente ou inconscientemente. 
Isto não justifica os outros quando ferem, tanto fisicamente como mentalmente ou emocionalmente. 
Mas muitas das dores que trazemos brotam dos medos, da falta de autoestima, das nossas raivas e rancores. 
Olho para trás e vejo tanto tempo que desperdicei (e desperdiço) em coisas inúteis, em caminhos que tinha e que deixei fechar.
Porque teimo tantas vezes em não ir á ferida?
O que me impede de seguir um determinado rumo?
Porque em vez de lamentar, chorar, criticar, emudecer, não repenso a minha vida e o que quero dela?

Muitas vezes seguimos adiante, sem ver, sem olhar, preferindo assim, a tomar as rédeas do nosso destino, podendo assim culpar os outros, a família ou mesmo o governo.


''As oportunidades transformam-se em realizações a cada respiração.
Sei que poderia ter escrito uma peça muito diferente com o material de vida que me tem sido fornecido. Outros episódios e outros personagens poderiam entrar na minha historia, mas assumo a direcção que ela tem tomado como um drama válido e interessante.''

'' Que fizemos nós, entretanto, com essa energia?
Eis a nossa responsabilidade.
Que amolgadelas e rachaduras,  medos e preconceitos se inseriram durante o processo ?
Que cenas representamos nós no drama da nossa vida? (...)
Que tipo de filme gostamos mais de projetar: tragicómico, ensaio, porno, infantil ? A cores ou a preto e branco ?  Com um só actor em cena ou rico interações ?  A verdade é que temos um potencial altíssimo, um subsídio fabuloso, digamos, e o produto final deve manifestar esse investimento inicial de Pura Luz.''

Maria Lisete Soares

'' ....Chaque ride à mon cœur est une belle fleur d'amour
Un roman, une histoire de défaite et de gloire de vérité
En mon âme chaque ride retient des années de silence et de larmes
De paroles et de rires, de bonheurs, et de drames
De colères insensées malgré moi
Chaque ride à mon cœur est une belle fleur d'amour
À mon front j'ai gravé des médailles
Des blessures au visage et âme
Comme autant de batailles pour l'amour de l'amour
Pour l'amour de la vie avec toi
Je n'ai pas de regrets, cette vie elle me plaît comme elle est''

Dalida


quinta-feira, 25 de abril de 2024

25 de Abril

 Parece que Alzheimer invadiu a mente de grande de parte dos portugueses, tendo muitos repudiado o dia da Liberdade e aplaudindo ditadores e glorificando o bafiento de Santa Combadão.

Não posso jamais esqueçer esse dia, não porque o vivi, mas porque nos trouxe um mundo livre.

Não posso esquecer o passado, pela memoria deste, mas também de tantos que morreram numa guerra estupida. 

Hoje penso no meu tio que morreu com 22 anos.

Viva a Liberdade...
Falta-se cumprir Abril ....


sexta-feira, 19 de abril de 2024

As Palmeiras

 


Estou aqui e nao vejo as palmeiras bem em frente a mim.

Nao vejo a marina, nem o mar, nem as pessoas que passam.
Eu apenas vejo os meus anseios, as minhas tristezas, os meus medos, a minha solidão e este vazio.
E sinto o vento, como um tempo que passa, e aqui permaneço neste banco só mesmo passando centenas de pessoas por mim.
Quando aqui venho penso em como o pensar nos limita e nos encerra num cubiculo de uma jarra de expectativas.
Procuramos qual folha de acetato preencher o mundo com esses desenhos, mas quer a realidade que o desenho se apague ficando apenas uma folha esborratada, como alguem que se perde num caminho sem tabuletas, nem letreiros nem direcções.
Ficamos ai absurdos, nos desvaneios das camionetas e das salas de espera dos aviões, porque o real não procuramos apenas o esboço emocional que sonhamos encontrar...
Lembramos o passado porque algures nos sentimos felizes, porque o passado é seguro
Olhamos o futuro porque queremos tudo o que nao temos.
E assim esquecemos o presente.
O agora.
Olho agora as palmeiras... parece. Tao pequenas e insignificantes perante o meu vazio interior.
Nos fugimos do aqui e agora porque o aqui e agora doi.
Doi ainda mais quando o futuro que sonhamos se torna hoje e o hoje nao tem nada do que sonhamos.
Onde esta o castelo e a princesa?
Em que rua fica o encontro sonhado e os beijos que nao demos?
Em que momento a misericórdia divina nos escutou e a nossa vida se abriu como um girassol?
Olho uma criança que passa no seu patinete.
Sem passado e sem se preocupar praticamente com o futuro, ela vive intensamente o agora.
Porta se como criança, chora, faz birra, cai no chão e de repente ja ri, brinca, sorri.
Tudo nela é o que é
Nao criou mascaras nem fobias nem medos nem anseios
..nem descobriu ainda a solidão avassaladora que preenche o ser humano.
Quando estou aqui eu nao estou aqui.
As crianças os velhos e as outras pessoas todas passam... eu nao sou nada para elas e elas nao sao nada para mim
Aqui sem chorar choro, sem sofrer sofro e entendo como a minha vida é igual a este calçadão.
Se eu nao as vejo (as palmeiras ), elas vêem me.
Estao aqui ha anos, algumas decadas, a ver passar esta gente, estes carros, o fumo e a sujidade, os beijos e os gritos, o nada e o tudo.
Entendo as, testemunhas do tempo , aniquiladas de desejos apenas existem.
Por fim vejo as.
Elas debruçam se sobre o vento e sussurram me - a felicidade é o que existe quando deixamos de pensar.

quarta-feira, 27 de setembro de 2023

Uma blasfémia chamada Deus

 Deus é uma blasfémia.
O Deus de Isaac, de Jacob, de Jesus, de Krishna ou que nome seja.
Deus é amor diz São João.
Onde está esse amor quando milhões de crianças morrem de fome, de sede, de maus tratos, de guerras, de doenças ou de toda a espécie de flagelos.
Na verdade o mundo está mais perto do deus severo e vingativo do antigo testamento que do novo.
Se Ele é omnipotente, omnipresente e omnisciente, se é o criador onde esta ele? Onde está ele que nao faz nada?
Dizia Jesus - pedi e recebereis, batei e abrir-se-vos-á, tudo o que pedires ao Pai em meu nome ele vos dará.
Quantas contas de rosário ja orei, quantas velas queimei, quantas promessas pedi, quanta saliva gastei, quantos santuários visitei, quantos mantras cantei, quanto chorei, quanto supliquei, quanto gemi, quanto prostrado implorei?
Onde está  essa misericórdia? 
Se Ele nos criou e ao mundo então ele é culpado. Culpado da maldade humana, da tristeza, da solidão, da raiva e todo o mal que nos assola porque nos criou como peças defeituosas.
Se nos criou tem de aceitar que somos como somos, tal como ele fez, com as nossas vontades, desejos, orientações, sonhos, modos, maneiras e maneirismos.
Se ele criou em nos o sonho então é ele o maior culpado.
Porque criou em nós um sonho que não vem.
Porque se sonhamos e ele não nos ouve, não escuta, não ajuda, não realiza, não intercede entao que raio de Deus é este, que merda de amor é este.
Um blafemo, Deus é uma blasfémia porque nega as palavras, as promessas que tera dito.
Porque criou em nos um sonho, algo que nos alimenta e nos guia, e não passa este de um passeio ao desfiladeiro do nada?!
Quem quer um deus assim.... que nos da a sede e apenas nos leva a desertos áridos?
Que nos da a fome e elimina a comida do mundo? 
Que nos dá o desejo da Luz e a nossa vida não passa de uma noite escura, sem fim, sen estrelas e sem luar?
Onde estão os santos, os avatares, os anjos, os mestres, os espiritos, os seres de luz? Tudo ficou mudo?
A sua intercessão nada parece valer porque deus é vazio. 
Quantos séculos de procissões, quantas hóstias, quantos sacrifícios, quanta missas, quantos templos erguidos, para quê?  Me digam para que?
Quantos sonhos tem o homem tambem sobre Deus?
De um deus de amor.
De um deus que escuta.
Um deus que intercede que apazigua que apoia.
Um pai. 
Mas esse deus é apenas uma peça de ficção.
Porque se deus existe ele é uma blasfémia porque nem a sua palavra cumpre.

24/9/23




segunda-feira, 25 de setembro de 2023

 


Sinto-me um espectador da minha própria vida. Como se entra neste filme?
Onde está a minha entrada para Pleasantville?
Porque só assisto filmes tristes,  melodramas pontuados por ocasional comédia?
Onde está a aventura, o romântico e até o porno?
Cansado desta maratona cinematografica enfadonha, triste e depressiva. 
Quando se ligará a luz e possa sair deste cinema para viver?
Haverá porteiro ou teremos de irromper com uma navalha o nosso próprio pescoço?!

Um ano depois

Faz hoje um ano que voltei de Itália. Foram 25 dias muito intensos.  Fiquei alojado numa terra chamada Agrate Conturbia, que fica entre Milã...