sábado, 17 de novembro de 2012

Uma historia dolorosa.....


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Era uma noite fria.
Sentia isso nos ossos quebrados, na pele ferida, no sangue que não parava de jorrar.
Mas sentia isso especialmente na alma e na certeza infecua que tudo terminaria ali.
Tentou lembrar-se da sua vida, dos momentos bons, do primeiro beijo, das festas de aniversário, dos passeios a baia dos golfinhos, da saia vermelha que comprara...mas tudo isso se desvanecia.
Onde estava ela?
Que lugar era aquele onde acabaria por morrer? Vislumbrou á sua frente o seu velho carro, estava partido, os vidros tinham dado lugar ao vazio.
Um vazio que ela sentia na alma.
Um cheiro a terra e a plantas enojava-a, especialmente porque se combinava com o cheiro a sangue podre que deitava das feridas, do pus infectado, e daquele liquido nojento que a inundava desde que se lembrava.
Sentia que sangrava por todos os lados e pior nao conseguia sequer gritar. Por um motivo desconhecido a natureza tinha-lhe negado até o grito de socorro, a chance de redençao, a possibilidade de fugir do homem que a matava.
Uma coruja piou e esvoaçou-se no ar, deixando surgir uma vesga da luz da lua. Estava cheia.
Ao longe...não muito longe ouvia o som da agua.
O que daria para beber apenas um ultimo gole.
Parecia-lhe que uma eternidadade tinha passado...onde estava ele? Onde estava o homem que a ia matar? Encontrava-se dividida, como  uma condenada á espera no corredor da morte. A certeza e o desespero, e  ao mesmo tempo o desejo que fosse rapido.
Como seria morrer?
Seria pior que ter um braço e uma perna partida? Seria mais doloroso que ver um osso quase trespassar a pele? Teria o mesmo sabor nojento dos murros que tinha levado?
Ou seria a morte a maneira de se lavar da semente nojenta daquele ser? Seria a morte a possibilidade de se livrar para sempre da voz dele, do cheiro dele, do toque dele, do penis dele, de tudo o que viesse dele?
Por momentos ficou horrorizada.....E se a morte fosse aquilo.
Lembrou-se, sem saber porque, como se a vida precisasse motivos, do mito de Prometeu, amarrado, a ser ferido dolorosamente todos os dias, e todos os dias se curava e voltava a ser ferido.
Se ela ao menos pudesse gritar!
Mas haveria alguem a ouvir?
Ha quanto tempo ninguem a ouvia? Ha quanto tempo se tinha tornado invisivel, uma peça incomoda do dia a dia, um elemento que conhecemos de vista sem nunca desejarmos aprofundar esse conhecimento?
Quem a ouviria? Talvez nem Deus.
E se ela tivesse pecado tanto e tanto que nem Deus a quereria e poria a ser torturada infinitamente por aquele ser asqueroso e nojento que algum dia alguem tinha chamado de homem.
Uma nausea percorreu todo o seu corpo, e mesmo sem forças vomitou mais um jato de sangue vivo.
Se a morte tinha que vir que viesse antes que aquele que a tinha chamado voltasse para a levar. Tremeu de  frio.
Dobrou-se sobre si mesma, tentando enrolar a sua cabeleira loira como se de um manto se tratasse. Foi quando percebeu que estava amarrada.
Ouviu de novo as corujas a piar. Era um piar diferente, como se de um lamento profundo se tratasse.
Sentiu entao lagrimas quentes a sairem dos seus olhos verdes. O mundo parecia cada vez mais cinzento,  e em breve tudo estaria negro.
Tudo terminaria.
O que fariam ao seu corpo?
Lança-lo-iam ao rio? Ou ficaria ali eternamente no ventre da mae terra onde aquele mal ainda vivia? Ficaria ela ali como se de um trofeu se tratasse ?
Ou teria um enterro digno, rodeada pela familia e amigos?
Mas que amigos tinha ela?  Perguntou-se.
Aqueles que um dia a tinham apoiado, mas por serem monotonos ou infantis tinha abandonado? Ou aqueles que com ela bebiam, dormiam e pervericavam?
Estaria Leonard no rol desses amigos?
Estaria la sequer a sua familia, para o qual era apenas uma nodoa, uma sombra que dormia e comia sem nada adiantar áquela trama mais que teatral?
Se ao menos tivesse tido chances.
Se ao menos tivesse mudado de vida.
Se ao menos tivesse amado o que a vida lhe dera.
E se ela O tivesse amado?
E se o seu assassino fosse o unico que a amara?
E se tudo aquilo fosse amor?
Entao teria asco do amor, e preferia mil infernos de dor em vez de suportar aquele ser.
Ainda sentia as maos dele, negras e grandes a abrirem-lhe as pernas. A sua lingua directamente no seu clitoris, a provocar-lhe prazer e dor quando tudo o que ela queria era apenas dor.
Sentia ainda aquela lingua num movimento monocordico, para cima e para baixo, para cima e para baixo, para cima e para baixo.
E aqueles dentes amarelos e negros a morderem-lhe os labios, o clitoris, as pernas...
Sentir os dedos dele, sujos, negros, grandes e asperos a perfurarem a sua vagina, para momentos depois ser de novo penetrada.
E o pior era quando ele a olhava nos olhos. Ela podia ver o seu sorriso. Aquele mal olhava-a.........ela nunca vira um homem, mas um monstro.
Apenas contemplava dor e destruiçao naquele olhar. E ele entao sufocava-a com as duas maos enquanto a penetrava com mais e mais avidez, e como um soco profundo a rebentava por baixo, e ele era obrigada a gemer de tanta dor e prazer. E ela oscilava entre um grito que queria deitar para fora e as maos dele que a sufocavam ate ela desmaiar.
Sera que as maos dele teriam feito tanta pressao que agora, ali no meio da mata, naquele local esquecido por Deus, ela nao conseguia sequer gritar?
Qualquer que fosse a resposta, ela continuava nas maos dele.
Naquela noite quantas vezes fora violada? Quantas vezes fora obrigada a beber o esperma daquele monstro, um semente  de fel pior que vinagre?
Fora ferida, cortaram-lhe em locais que nunca ninguem vira, que nunca ninguem concebera que existissem.....Fora beijada pela propria morte, e as suas entranhas foram esfaqueadas sem profundidade no corpo mas bem fundo na alma.
Quanto fugira dele, e o quanto o buscava por vezes.
Ela odiava-o mas ele era o unico que a destroçava e a possuia como mais nenhum o  fizera.
Chorou entao. Chorou nao pela dor fisica, mas porque fisicamente ninguem a possuira como ele. Mesmo quando se entregara a Leonard, ele nao parecia mais que um cordeiro, um lapis a preencher um buraco gigantesco . A culpa era daquele monstro.
Daquele ser asqueroso que vivia no submundo.
Ela amava Leonard de todo o coraçao e nunca tivera a oportunidade de ser feliz.
Ali, enquanto esperava a morte certa, ela lembrava-se dos milhares de planos para matar o homem que a matava agora.
As corujas voavam e piavam.
Voltou á realidade – estava a morrer.
A morrer ali, longe de tudo....talvez como sempre estivera, longe de tudo e de todos.
Viu entao uma sombra aproximar-se.
Pensava que nunca mais tremeria daquele modo, afinal ele era uma presença horrifica na vida dela há muitos anos.
Mas ao contempla-lo, mais e mais perto, ela sabia que ele era o seu medo e que isso nunca mudaria.
E quem buscaria ele depois de a matar?
Tremeu a pensar em Daniele, a sua melhor amiga, ou a pequena Margot, sua aluna de explicaçao. Como desejou ter escrito algures ou contado sobre o mal que vivia na floresta, o mal que se alimentava do seu corpo e da sua alma.
Ele aproximava-se.
Podia ver de novo a sua face.
Ali estava ele, magro, alto, com as maos calejadas e grandes, negras como o negrume da noite, sujas como tudo. Ali estava a cara dele adornada de uma barba, um bigode e um cabelo espesso e negro como ele.
Nele tudo era negro.
Ate os olhos, pequenos e profundos, conturbados por um nariz fino...O seu olhar nao tinha nada, apenas mal.
Ele sorriu e avançou sobre ela.
Nesse momento temeu. Temeu ao lembrar-se que um dia, num dos seus raptos aquele monstro sonhara em ter um filho. E se ela era a noiva do diabo?
Desejou que a morte viesse certa, que lhe estragasse os planos. Sonhou em poder arranha-lo, tanto e de tal forma que o seu adn ficasse impresso no seu corpo e que nenhuma agua lavasse, e que a policia o prendesse para o fim dos seus dias. Ai ela mesmo morta poderia descansar.
Ele dobrou-se sobre ela...




Peço desculpa por erros, pontuaçao, etc.... escrevi isto sem parar.
Podem chamar a isto uma versão minha de uma historia que sempre me marcou.
A única coisa que me inspirou foi a imagem e a musica que toca

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