quinta-feira, 7 de junho de 2012

Sleeping world



Vivemos num mundo-cão, assolados por uma crise interna de valores e de sonhos, num país que não desperta para a sua responsabilidade interna, um pais que se perde numa ideologia europeia que nunca existiu, marcada com traços capitalistas/americanos....

Vivemos num mundo dessensibilizado - as tragédias humanas como no Sudão ou na Siria já nao provocam qualquer sensação nas pessoas, tão letargicas e apáticas que estão. Preferem dizer - nos nao temos nada com isso, é lá longe, nós temos os nossos problemas.

As crianças vivem num mundo onde os seus sonhos são toldados pela ideia crise e pelo que podem ou nao ser e fazer, e ao mesmo tempo são enganadas por marketings e ideologias vãs.

Sinto um rumor de perdição nisto tudo.
Sinto como se tudo isso fosse ja um apocalipse.

Vivemos num mundo zombie, onde o passado passou, o futuro ninguem sabe, e o presente é a apatia.
Já não nos questionamos quem somos ??
Alias, dizem-nos : - isso nao importa nada! O que importa é termos dinheiro e comida!
Que serve sonhares escrever se isso nao dá dinheiro, estabilidade?
Temos que esquecer isso e fazer algo pratico!


E é essa imposiçao de vivermos uma vida de mentira que nos tira a criatividade, o nosso fogo interior.
De que serve fazer algo pratico se isso nao nos faz Viver.
Viver com V Grande!!

Hoje lembro-me de John donne ao ver o telejornal :

"A morte de cada homem diminui-me, porque eu faço parte da humanidade; eis porque nunca pergunto por quem dobram os sinos: é por mim."

Sinto-me que ao compactuar com toda esta farsa, uma parte de mim cessa.
Deixei muito para trás porque me disseram - isso não da nada! 
E no entanto .....perdi algo de mim....

Olho o Monte Ararat enquanto oiço uma musica de Gurdjieff, sinto em mim esse frémito da partida.
Esta sensação que está tudo errado.
Que no meio de todo este sufoco ninguém olha para o centro de si.
Todos olham para fora. Para os outros, para as chamadas ''altas entidades'' em busca de respostas.

Sinto que preciso fazer algo. Não preciso de algo que me traga estabilidade, preciso de algo que me faça ir em frente da direcção de quem eu sou. Preciso de me encontrar a mim mesmo, os meus sonhos, o meu modus operandi, aquilo que me faz viver.

E nessa busca encontrar a humanidade.
Preciso de dissipar a neblina que me envolve, me turba, me prende, me tira a sensibilidade.....

Nenhum sistema ou escola pode fazer pelo ser humano o trabalho que ele tem de fazer por si mesmo.
Gurdjieff

Quantas coisas perdemos, por medo de perder.
Paulo Coelho


O Ararat


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