terça-feira, 4 de novembro de 2014

Livros Incómodos

Poucos livros li que me incomodaram, quer pelo seu realismo, quer pelas suas ideias.

  • Diário Secreto de Laura Palmer, de Jennifer Lynch
  • Presença de Anita, Mário Donato
  • Bonjour Tristesse, Françoise Sagan
  • Viagem a Ixtlan, Carlos Castaneda

    O Diário Secreto de Laura Palmer marcou-me pelo enorme realismo. Entramos dentro da vida de uma adolescente, entramos no seu mundo, no sofrimento, na dor e nos episódios enormemente dolorosos e negros de uma estranha entidade.
    Foi um livro que teve o condão de me fazer passar noites sem fim sem conseguir dormir, até a ver homens misteriosos e a tomar muitas vezes doses de ansioliticos e indutores de sono para não ''ver'', não sentir, não nada.


    Presença de Anita é um livro de Mário Donato, que foi adaptado aos ecrãs por Manoel Carlos.
    É um história erótico-trágica de uma rapariga que vai mexendo com a sensualidade e sexualidade dos homens despertando em cada um o que existe de mais animalesco. 
    É um drama fortissimo que é como uma enorme teia de loucura e sexualidade, dor e sofrimento que levam a um final trágico.
    Deixa um travo de nostalgia e dor dentro de nós.


    Bonjour Tristesse é um livro que também foi brilhantemente adaptado ao cinema.
    É uma história simples, de uma rapariga apaixonada pela vida ''luxuosa'' e que perante a ameaça dela findar tenta controlar a vida de todos para impedir que tal ocorre. O seu desejo é concedido mas com um preço alto demais.
    O que incomoda no livro é uma sensação de melancolia. Já existe no inicio, continua e aumenta no fim.


    Poderia dizer que esses livros foram incómodos. Sim. Mas são ficção.
    Incomodam, fazem doer, trazem forte experiência emocional. Ponto final.
    Difere completamente do incómodo do ultimo livro :

    Viagem a Ixtlan é o terceiro livro de Carlos Castaneda.
    Ele fala do seu encontro com o bruxo nagual D.Juan Matus, algures nos anos 60, e de como teve estranhas experiências e vivências com o mesmo.
    O que incomoda no livro é a possibilidade de tudo isso ser Real.
    Fala de um mundo em que ''a morte caminha do nosso lado esquerdo'', em que este mundo existe porque ''recordamos'' que ele existe, que as divindades, as crenças e a sociedade são no fundo ilusões, assim como as crenças arreigadas ás mesmas.
    É o mais incómodo de todos os livros. Faz surgir em nós um debate forte -entre a crença que temos e uma visão purista e quase existencialista da realidade.
    Acompanhar o livro com a musica Sound Cloud Meditation Carlos Castaneda ( disponivel no youtube) é quase aumentar 3x a sua força e estranheza.
    Muitas vezes apago o pdf do livro, e depois, tempos depois, bem depois, volto a ler....

    “In a world where death is the hunter, my friend, there is no time for regrets or doubts. There is only time for decisions.” —   Carlos Castaneda

    1 comentário:

    1. Em leitura não li, mas vi a adaptação de Presença de Anita, que foi das últimas novelas que segui religiosiamente e gostei bastante, tinha uma ousadia que faltava a muitas novelas (mesmo brasileiras).

      Também vi a adaptação de Bonjour Tristesse e também gostei. Apesar de aquilo ser ficção, penso que infelizmente haverão por aí rapariguitas mimadas e manipularas como aquela personagem principal.

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