quarta-feira, 2 de julho de 2014

Os Espaços


Queria  falar e filosofar sobre os espaços, e para isso começo com música.
Talvez os espaços não sejam apenas os locais, mas também os silêncios, os contextos, as pausas e ritmos musicais.

Mas o que são espaços? 
Talvez sejam hipóteses, ilusões...como dizia Schrodinger, talvez dentro da caixa o gato esteja morto, ou vivo, ou morto e vivo ao mesmo tempo, ou nem uma coisa nem outra, talvez nem exista.
Será que os espaços cessam de existir ao deixarmos de os ver?
Quem sabe....

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Para mim um local não é apenas um sitio, tem uma química própria, um espírito, uma presença.
No cinema os locais são algo muito sui generis, servem de personagem, de ambiente, servem de contexto...são no fundo um elemento central.

Um bom filme e um bom local são imprescindíveis...um pode gerar o outro...de repente aquele local torna-se emblemático, de repente aquele local dá cor a toda a cena...yin e yang, gerando-se mutuamente...





Canal du Midi (rs)



Chalet Biester

BUNKERS ALEMANES DE LA II GUERRA MUNDIAL

Podemos ter um local para meditar, um sitio que nos para o pensamento.
Os espaços servem para vivermos o Agora, diz Eckhart Tolle.

Que se pode dizer sobre os espaços....são o que são e ao mesmo tempo são especiais devido aos pensamentos e emoções que temos sobre eles.

´´Pude voar além fronteiras, tocar na fresta do abismo,
numa praia me deleitei nas ondas e na brisa maritima que me trazia à tona.
Reli o meu destino nas folhas de uma pastagem em França,
queimei os olhos de tanto admirar a espanhola em Sevilha,
adormeci em Cadiz,
despertei em Algeciras, admirando o estrondoso promontório das Colinas de Hércules.

Lá, no fim do mundo, admirei e encontrei Deus na visão do Ararat,
apaixonei-me pelo Bósforo, nas suas barcas e nas suas gentes, nas suas ruas empedernidas de carne assada, papel de jornal e perfumes exóticos.
Bailei com uma grega, e cometi incesto com a mulher de meu irmão, mesmo ás portas do Grande Bazar.
Tornei-me néscio no Monte Athos e um sopro divino viveu em mim.

Contemplei as baias de Corfu, e deixei que o meu sangue ali jorrasse, entre areia, mar e mulheres.
Perdi suor e cabelo nos caminhos perdidos dos balcãs,
chorei em Medjugorje,
tornei-me andarilho em Trieste e um grupo de ciganos partilhou a sua tenda até Bratislava.

Do Monte de Saint Michel guardo no peito,
as areias e desventuras de uma trilha por trilhar,
já de Paris guardo a névoa desse tempo brilhante que a minha mente turvou
e de tanto ai viver e amar se enevoou.
Sou das pessoas e do canto, mas mais sou do campo,
do mar e de Perseus.
Nos espaços me derramei,
enfim tudo isso já sou eu,
porque eu nem eu sei,
onde me perdi. ``

Cecilio Franco

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