quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

As novas perspectivas do Divino

Deus. Divino. Céu. Inferno. Santos. Mestres.

Existe actualmente uma saturação destes termos. Encontram-se linguisticamente e simbolicamente esgotados, demarcados por milénios de dogmas e ateísmos.

Como dizia André Louro, na inauguração da Air School, houve um período em que a concepção de Deus era usada como protecção do anátema social e do inferno, os nossos pais pousaram o sagrado, nós procuramos o mesmo e possivelmente para os nossos filhos será uma certeza.

 Continuando : o período medieval não tinha religião, as pessoas simplesmente ou tinham uma crença ou tinham sido possuídos pelas forças das trevas.

E nos últimos 100 anos a espiritualidade foi-se transformando.

O mundo foi cortadinho aos bocadinhos para se tentar perceber o todo. A física, a química, mecânica, psiquiatria, etc...tudo como formas de perceberem o todo. Então saturados do Deus e da Divindade e olhando apenas para a pequena peça o homem excluiu ou melhor, tentou excluir Deus.

Não é possível excluir completamente Deus. O homem que procura Deus e o homem que rejeita Deus, continuam a ter algo em comum!!!

Então a sociedade abriu-se a outras formas do divino - as percepções orientais, os novos ''updates'' da new age, a liberalização do tarot, da astrologia, da energia espalhou-se. Isto quer o homem tomasse uma posição favorável ou desfavorável.

O homem percebeu que viver em função da maquina, em função de um mundo PURAMENTE racional, era de algum modo incompleto.

Mas a perspectiva moderna do homem exclui o principio e o fim. A química pode dizer que somos feitos de milhões de células compostas por moléculas e átomos, mas isso não diz quem somos.
Pode um poema dizer algo importante a um químico de laboratório? E no entanto um poema pode matar ao mesmo tempo que uma epidemia.

Por um lado o homem rejeitou Deus mas procura uma explicação tecnicamente racional para o Humano, disso surgiram as disciplinas racionais ou cientificas.

Por outro lado, e tentando livrar se dogmas o homem mesclou e procurou outras formas do divino, alguns trocaram as cruzes pelos lotus, outros os anjos pelo et's.

Mas trocar os santos pelos Mestres ascensos não é a mesma coisa? E os decretos não são formulas parecidas com as anteriores?

No entanto para alguns homens, começaram a perspectivar uma mutação, que não envolvesse trocas mas também que não rejeitasse, mas tente aprofundar as coisas.
O homem começa a perceber a Unidade do tudo, não através de uma única característica, mas essencialmente através do âmago do seu ser.

O divino na verdade nunca foi alterado, porque um homem dizer A ou B não o altera, apesar do homem poder ser alterado pelo divino.

As nossas antigas concepções podem não estar erradas, mas podem não ser profundas o suficiente.
E esse é o paradigma - para onde dirigimos o divino?

Ou melhor para onde vai a nossa concepção do divino ?

É por isso, por esses termos comuns estarem tão cheios de ideias já carregadas, que muitas vezes são como  os medicamentos no intestino, são tão pesados que não conseguem já ser absorvidos.

A pós modernidade incita que o homem procure Deus dentro dele. A oração e o silencio, a meditação e cura, não deixam de existir mas são vistos através de um novo prisma, que não lhes confere diferença, mas profundidade.

O homem precisa do divino, ateisticamente ou não, para que a sua historia tenha um principio e fim. senão o homem anda, e anda, volta a andar a volta e não encontra a solução, porque ela foi cortada da modernidade. 


''A modernidade é uma tentativa de criar uma sociedade sem mito. Fomos construidos para tudo ter Principio, meio e fim, tiremos um deles e ai teremos a Modernidade. Criamos uma sociedade que ñao tem uma explicação sem principio, só tem meio, e não tem fim. As pessoas do principio e do fim sao considerados misticos, malucos, marginais, etc. Só interessa o meio. Como se o que só interessasse fossem as botas, e não para onde vão as mesmas, que viagem farão.''

Talvez o termo Deus precise de descansar.
Talvez o homem precise de passar pelo seu deserto, e começar tudo de novo. sem imposições por parte de igrejas ou governos, sem ateismos que falam no fundo no desespero de não sentir esse divino, mas aprofundado a sua crença, pacificando o seu coração.

Talvez haja demasiada ''oração'', e seja tempo de silêncio, de pura radiância, de pura entrega.
( esta oração é no sentido do barulho do mundo)


Jesus disse: Se vossos guias vos disserem: ‘o reino está no céu', então as aves vos precederam; se vos disserem que está no mar, então os peixes vos precederam. Mas o reino está dentro de vós, e também fora de vós. Se vos conhecerdes, sereis conhecidos e sabereis que sois filhos do Pai Vivo. Mas, se não vos conhecerdes, vivereis em pobreza, e vós mesmos sereis essa pobreza.


 Rachai a madeira – lá estou eu. Erguei a pedra – lá me achareis.


Evangelho Apocrifo S.Tome




Aqui não há russos, nem ingleses, nem judeus ou cristãos. Há somente homens que perseguem a mesma meta: tornarem-se capazes de ser. 
Gurdjieff

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