Em todo o Ser Humano existe um desejo, um ''rumor'' de Deus.
Alguns procuram-na nas diversas teologias, outros esquecem-no só se lembrando dele em horas de aflição, alguns negam-no, e uns poucos procuram mais além.
Sinto um rumor de Deus. Apresenta-se nas montanhas, nos lugares altos ou desérticos, no vento, no vazio.
Sei, sinto que existe uma espécie de brisa que destapa o véu do oculto, o véu da Eternidade que tapa a divindade do ser humano.
É como se aquilo que nos preenche, que nos dá vida e identidade, que nos completa e nos permeia estivesse por algum motivo, por algum mecanismo, completamente oculto de nós.
Como se ocasionalmente houvessem furos nessa cortina e a luz de Deus perfurando fizesse surgir na nossa realidade ténues sombras chinesas.
Será um gato? Um pássaro?
E cada ser interpreta essa formação da maneira que quer.
No fundo a alegoria da caverna de Platão!!
Deus surge quase sempre pelo Medo da Morte.
Viemos do nada, tememos o nada.
Talvez o Deus das nossas ansiedades não seja o Deus real!!!!
A maior parte da nossa vida é inconsciente.
Vivemos no pensamento, nas nostalgias, nos julgamentos, projecções e ansiedades, que consomem mais de 80% do nosso tempo. Se a isso adicionarmos o tempo que passamos a dormir teremos cerca 99% de inconsciência!!!
É como ser um barco de cruzeiro que anda num lago artificial extremamente pequeno e conciso quando o seu potencial é o mar, o oceano inteiro.
Assim sendo o Deus da inconsciência nunca pode ser o Deus real.
Como dizia Madame Blavatsky - ''A mente é o assassino do Real''.
Se a nossa fé é baseada na mente, e a ''mente mente'', como poderá a nossa fé ser real.
Tudo depende de alargar a nossa consciência consciente.
Passar dos 1% para 2%, depois 3%, 4% e com trabalho e sorte um dia 10%.
O Deus, a vida, o sonho, o desejo de esperar, de controlar tem de cessar.
A vida real existe, tudo mais é fruto da ilusão.
Além de vilas, burocracias, cidades, empregos e pensamentos, julgamentos e afazeres, existe algo puramente real. Bem mais real que toda a realidade que vivemos.
Hoje em dia transcendemos o irreal em mais irreal. Os nossos bisavós viviam no mundo irreal dos seus dogmas e conjecturas, os nossos pais quebraram dogmas mas tinham outros dogmas e viviam na mesma ilusão e conjecturas, e nós além dos dogmas e conjecturas criamos mundos irreais electrónicos onde projectamos em pura realidade a nossa realidade já irreal.
Se já vivíamos em ilusão o mundo da internet, das apps, da vila global, aumentou a irrealidade.
Mas não desanimemos.
Existe um pulsar interno, pulsar este que vem do divino.
Essa divindade real que mora em nós, após o véu da ilusão.
Para além do gelo de toda a ilusão, existe um mar puramente real, calmo, e abstractamente menos abstracto que todas as abstracções que permeiam a nossa vida ilusória.
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