São 4 da manhã. Visto-me tão rapidamente quanto silenciosamente.
Arrumo o que falta - levar o computador, transformadores, etc.
Despeço-me da minha mãe ligeiramente angustiado - vai dentro de 5 horas ao médico para saber resultados do RX e eu não vou estar lá!
As estradas estão vazias e senhor Álvaro põe-me no aeroporto em menos de 15 minutos.
Após check in, embarque, descolagem, adormeço.
São cerca de 3 horas e 20 até Berlim. Devo ter dormido cerca de uma hora e pouco.
Aterro ás 10h20 em Schönefeld.
Perante tantas linhas de U-bahn ( metro) e S-Bahn (comboio urbano) ficamos meio perdidos.
Encontro dois portugueses, o Pedro e a Márcia.
Em Oskreutz a Márcia segue para outro destino, eu e o Pedro vamos até Alexanderplatz. É ai o seu hostel e o meu host provavelmente só chega à 1h-2h da tarde.
Com ajuda do mapa e de algumas pessoas lá encontramos o Hostel.
Afinal o meu host vai chegar bem mais cedo. Marco encontro no centro da Alexanderplatz. junto ao ''relogio solar''.
3 minutos diz-me ele.
Entretanto uma simpática mas chata mulher de alguma seita cristã aborda-nos. Em inglês tento despacha-la, mas ela é teimosa.
No entanto por detrás de mim oiço alguém falar para a mulher: '' Please don't believe in anything this portuguese said''.
O meu host, meu amigo, Klaus.
Abraço-o como se abraça um irmão.
Partimos de S-bahn até Bellevue onde ele tinha a bicicleta.
Reparo que a cidade não é apenas feita de belissima arquitectura, mas também cheia de zonas verdes, árvores em todos os cantos e muitas vias para bicicletas.
Passo pelo rio Spree até chegarmos a Moabit, e ai à Turmstraße e à rua onde mora o meu amigo.
Fico fascinado com o edificio onde Klaus mora.
Lembra muito os edificios americanos, um estilo muito Woody Allen - predios com jardins interiores, escadas portentosas e portas desenhadas.
Apesar de ser uma zona de muitos imigrantes, em especial turcos, árabes, etc existe uma grande paz. Não se ouve sequer barulho do transito!
Após o almoço e ele me ter mostrado um pouco Moabit, partimos de novo para Alexanderplatz.
Joanna está a chegar.
Ainda visito uma igreja protestante, por sinal bem simples mas bonita. Tomamos um autocarro até Hauptbahnhof ( uma espécie de central de metro, bus e comboios), e ai um novo S-bahn.
Joanna já devia ter chegado. O autocarro acabado de chegar de Stetino diz que não veio ninguém com a descrição. Telefonamos até que recebemos sms - A chegar!
Joanna vem no autocarro posterior, afinal da Polónia até Berlin são apenas duas horas.
Apanhamos um autocarro panoramico para conhecermos melhor cidade - Unter den Linden, Brandenbourger tor, Humboldt university, Reischstag, Siegessaule,etc.
Klaus aluga um carro. Em Berlim existe um sistema de aluguer de carros bem interessante - existem carros da gama espalhados por toda cidade. Com telefone encontra-se o mais perto e aluga-se o mesmo. Depois onde ficarmos ai fica o carro, podendo depois se desejarmos ou ficar com o mesmo carro ou outro.
Vamos jantar para os lados da Rosenthaler Platz, um restaurante de tapas, onde se come bem, mas coelho não era coelho!!!
Após o jantar fomos beber uma Moscow mule e ficamos mais de uma hora na conversa.
A Joanna pode exercer um pouco a sua profissão de Psicóloga e incitou algumas questões que ainda hoje tou a tentar descobrir.
Por fim já no nosso ''hostel'' bebemos um vinho Chianti, no meio de risos, piadas e diversão.
2º dia
Não durmo muito e acordo com alguém a ''xingar'' um portugues!!
Após o pequeno almoço o Klaus telefona a um amigo para pedir bicicleta emprestada. Ele tem duas mas somos 3.
Já todos equipadas vamos em direcção a Bellevue, passamos pelo Reischstag, visitamos o Memorial das vitimas no Nacional Socialismo. Depois vamos em direcção ao Portão de Brandenbourg onde uma marcha pelos direitos humanos e democráticos na China está a ser encetada.
Passamos pela Wilhelmstraße, até á famosa Friedrichstraße onde fica o famoso Checkpoint Charlie.
Devo confessar que era um dos pontos que mais tinha curiosidade em conhecer.
Ai muitas pessoas vendem adereços e peças da antiga GDR (República democrática Alemanha), vários actores vestidos em roupas de policias quer americanos, quer russos ganham algum dinheiro com fotografias.
Visitei ai ao lado um Museu sobre o Checkpoint Charlie e a Berlim sitiada e podemos ver alguns pedaços do muro que estão ai expostos.
Após o almoço visitamos a Gendarmenmarkt, onde fica um auditório onde se toca tanto música clássica com ópera, ladeado pelas catedrais alemã e francesa.
Passamos pelo Berliner Dom, a catedral de Berlin. Infelizmente com o turismo paga-se oito euros para entrar. Apenas durante missas se pode visitar sem pagar.
Passamos na ''Ilha dos Museus'' onde se situam os museus mais importantes.
Após isso ficamos no Montbijoupark a beber cervejas. Já a Joanna encontrou distracção a ver danças de salão e tango que todas tardes preenchem o jardim.
Compramos bilhetes para a peça de Goethe, The Fellow Culprits, que iniciava as 21h.
Quando tentamos ir para casa apenas de bicicletas não podemos - havia uma manifestação da Extrema direita em plenas avenidas centrais. Tivemos então que apanhar S-Bahn até Bellevue.
Após o jantar fomos então ao Teatro onde nos divertimos com a peça.
Apesar de estar em alemão, eram projectadas numa tela subtitulos em inglês!
Após a peça fomos caminhando até casa... um pouco a contragosto de certo alemão que já estava cansado!
Fomos beber uma imperial um bar já em Moabit, e entre risos e piadas iamos ouvindo musica numa jukebox do bar. Klaus sempre como meu ''professor de alemão'' mandando-me comprar as bebidas e fazer pedidos...
E divertidos e tocados vamos para casa...e ficamos ainda um bom bocado na varanda a beber, fumar, conversar e rir...
3º dia
Acordamos já um pouco tarde.
Tomamos o pequeno almoço num café turco.
O Klaus pediu uma especie de ovos de tomatada, com pão, sumo de laranja e chá.
A Asia pediu omelete.
Eu como não como coisas dessas ao pequeno almoço fiquei pelo pão com manteiga, chá e sumo.
Fomos depois até Bernauer Straße. Ai existe uma longa área onde era o Muro de Berlin.
Vários elementos do muro, armadilhas, armas, etc podem ser vistos.
Contam-nos a história. De como foi no pós guerra, dos tempos em que os cidadãos do Este podiam livremente ir ao Oeste, de como no inicio existia apenas arame farpado, até ao muro e consequentes linhas de armadilhas com metralhadoras, bombas, etc.
Existe ai uma igreja pequena. Foi dinamitada pelos russos, mas reconstruida nos anos 90.
É a Igreja da Reconciliação.
Aí pus uma vela pelos meus amigos e familiares!
E pouco depois, dois amigos meus voltaram a entrar lá dentro para pôr uma vela por mim também!
- Pusemos mais que uma, porque tu bem precisas! - ironizou o meu amigo alemão à saida da Igreja.
Após isso fomos até o centro de documentação. Podemos ver partes intactas do muro, com torre vigia, armas. Lá dentro vimos também documentários sobre a Queda do Muro.
Devo confessar que de repente me lembrava bastante do que vi sobre o 25 de Abril.
Aqueles dias históricos da liberdade!!!
De alguma forma lembrei-me como uma profecia portuguesa ( Fátima 1917) unia um Papa polaco e um muro alemão. De alguma forma sentia esta estranha sensação que representavamos também algo estando ali os três.
Fomos almoçar pouco tempo depois para os lados da periferia da cidade.
Mandamos vir duas pizzas para os três enquanto bebiamos um sumo fermentados.
Após isso fomos levar a Joanna até Alexanderplatz, onde nos despedimos dela.
Voltamos para casa, onde fiz o jantar.
Ficamos a ver o filme The fighter, com Mark Wahlberg e Christian Bale, e fomos por volta das 0h beber uma cerveja a um bar perto.
4º dia
Acordei cedo porque o Klaus tinha que ir trabalhar.
Por muito que me mandasse voltar a dormir, não consegui.
Levantei-me pouco depois e de bike fiz um tour.
Fui até a Friedrichstraße, onde comprei dois livros - German, memories of a nation e Neverwhere de Neil Gaiman.
Depois visitei o Neues Museum com imensas galerias sobre Egipto. Adorei ver a Nefertiti, a estela com imagem de Akenaton e Nefertiti que via nos livros do curso de História.
Também me entretive a ver a ala de arte romana.
Fui almoçar com o Klaus e a Yoan.
A Yoan é uma indonésia que mora há vários anos em Berlim.
Klaus pediu que ela fosse a minha guia para eu conhecer melhor outras zonas da cidade que não apenas o mais central e mediatico.
A Yoan levou-me até East Side gallery - 3km de Muro de Berlim que serve de museu de grafittis.
Após isso visitamos Wrangelkiez, uma zona de contra cultura, com imensos bares, edificios reabilitados por góticos e hippies.
Visitamos vários parques, entre eles o de Tempelhofer feld, onde até há menos de 10 anos era um aeroporto.
Por fim deixou-me no meio do Tiergarten, ao pé do monumento Siegessaule, onde subi mais de 500 escadas a pique para ver uma estrondosa vista sobre Berlim.
O Klaus chegou cedo, jantamos e fomos para um bar.
Recebemos ainda chamada dos EUA. É a nossa amiga Gail, que tocada com a reunião dos amigos do quarto 33, tem saudades nossas.
Mandamos abraços mas contamos que Joanna já voltou para a Polónia :(
5º dia
Acordei a mesma hora.
Visitei a Gemaldegalerie, onde vi arte de Velasquez, Botticelli, Van Eyck, entre outros.
Almoçei pos lados da Kurfürstendamm.
Visitei velhas ruas e largas avenidas.
Um forte contraste - ruas velhas cheias de artistas de rua, alguns pedintes, casas nostálgicas, e avenidas largas, com as grandes lojas internacionais como Starbucks, Maxmara, Zara, Louis Vitton, etc.
Antes de voltar para Moabit, revisitei o Volkspark Wilmersdorf, um belo parque que tinha visto com a Yoan.
Nessa noite jantamos e o Klaus foi mostrar-me Potsdamer Platz, onde vimos o novo filme Star Trek.
6º dia
De novo acordei cedo.
Fui em busca de uma livraria homeopática.
Apenas livros da área.
Apanhei U-bahn para Güntzelstraße, e facilmente descobri livraria.
A senhora da livraria foi muito simpatica e fez desconto dos 3 livros.
Depois fui caminhando pela cidade. Tinha combinado almoçar com Klaus mas apenas as 13h.
Victoria Louise Platz, Nollendorf platz, e dai até Potsdamer platz.
Pude conhecer melhor a zona durante o dia.
Infelizmente começou a chover e tive que ir tomando abrigo em lojas até acalmar.
Fui até ao Checkpoint charlie onde comi um hamburguer.
Depois passei pelo Rothes Rathaus, e comprei alguns souvenirs para a minha mãe.
Almocei com Klaus na Klosterstraße.
Voltei a Moabit para pôr o que tinha comprado e fiquei ai um bocado porque chovia bastante.
Tinha combinado com a Yoan ir conhecer Charlottenburg.
Perto das 17h estava tão entretido e a olhar para hora portuguesa que por pouco chegava atrasado ao encontro com a minha amiga na estação de Tiergarten.
Felizmente ela chegou atrasada.
Até Charlottenburg fomos por atalhos, pelo rio e pelos parques.
Pude perceber que essa area era para gente com mais posses ou pelos menos uma area mais conservadora.
Infelizmente já era tarde para visitar o Palácio, mas pude visitar os jardins, o mausoléu, etc.
Na volta compramos vinho, e abrimos uma garrafa de Porto.
Ainda fiquei um pouco bébado e tenho noção de só ter dito parvoices.
Adormecemos todos perto da 1h.
7º dia
Acordei cedo com o Klaus a acordar-me.
Vesti-me, arranjei a mala para a viagem.
Tinha que estar no aeroporto as 11h.
Tomamos o pequeno almoço juntos.
Momentos antes do meu comboio partir deu-me um saco com t-shirt ( tinha também um iman e uma chapa I love Berlin).
Um abraço e um alemão tentando não demonstrar emoções lá me meteu no comboio.
Pela primeira vez enquanto o comboio/metro começava a se afastar pude ver alguem com uma lagrima no canto do olho.
Apesar de ser muito emocional, tive que dizer para mim mesmo, com uma especie de ironia - Na Alemanha sê alemão, no emotions João!
Aeroporto, voltar a casa...
Foi bom rever afilhado, minha mãe, familiares.
By the way o Rx da minha mãe parecia estar tudo ok.
Berlin é verdadeiramente uma bela cidade.
E apesar dos alemães não serem na maioria muito faladores ou afectuosos, não são desrespeitadores nem antipáticos.
Vim/Fui a Berlim por causa do Klaus e da Joanna. mas venho com a sensação que é uma cidade muito boa para se viver e visitar.
Auf Wiedersehen Berlin!
Orangina ainda se bebe na Alemanha!
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