terça-feira, 21 de outubro de 2014

Dependência


"It's beautiful to be alone. To be alone doesn't mean to be lonely. It means the mind is not influenced and contaminated by society" ~ Jiddu Krishnamurti  There is a difference between being alone and being lonely. Loneliness is dependency, attachment, need - and our relationships today are filled with lonely people. That's why they don't last. Learn to be alone. Learn to be completely secure with yourself first before you try it with another.

'' O sol tenta passar através das nuvens, provavelmente vai consegui-lo ao longo do dia. Num dia é Primavera, e no seguinte parece Inverno. O tempo é como os estados de espírito do homem, em cima e em baixo, escuridão e luz temporárias. Sabes, é estranho como desejamos a liberdade, mas fazendo de tudo para ficarmos escravos. Perdemos toda a nossa iniciativa. Esperamos que os outros nos guiem, nos ajudem, sejam generosos e pacíficos, voltamo-nos para gurus, mestres, sábios, salvadores, meditadores. Alguém escreve grande música, outra pessoa toca-a, interpreta-a à sua maneira e nós ouvimo-la, apreciamo-la ou criticamo-la. Somos a audiência que olha para os actores, para os jogadores, para o ecrã de cinema. Outros escrevem poemas, e nós lemo-los; outros pintam, e nós ficamos pasmados em frente das pinturas.
Não temos nada, e voltamo-nos para os outros, para que eles nos entretenham, nos inspirem, nos guiem ou nos salvem. Cada vez mais a civilização moderna nos destrói, nos esvazia de toda a criatividade. Por dentro estamos vazios e esperamos que outros nos enriqueçam, para, desse modo, o nosso vizinho se aproveitar disso para explorar ou sermos nós a tirar proveito disso.
  Quando se tem consciência das muitas implicações respeitantes à nossa dependência dos outros, essa mesma liberdade é o inicio da criatividade. Essa liberdade é uma autêntica revolução, e não uma falsa revolução relativa a ajustamentos sociais ou económicos, sendo estes uma outra forma de escravização.
    As nossas mentes constroem pequenos castelos de segurança. Queremos ter a certeza acerca de tudo, dos nosso relacionamentos, realizações, esperanças, futuro. Erguemos estas prisões interiores e amaldiçoamos qualquer que tente perturbar-nos. É estranho como a mente está sempre à procura de uma zona onde não haja conflito, perturbação. A nossa existência é uma constante destruição e subsequente reconstrução, de várias formas, dessas zonas de segurança. A nossa mente torna-se assim uma coisa embotada e deprimida. A liberdade consiste em não ter segurança de qualquer espécie.
    É realmente surpreendente ter uma mente serena e muito calma, sem uma única onda de pensamento. Claro que a quietude de uma mente morta não tem nada a ver com uma mente naturalmente tranquila. A mente é forçada a aquietar-se pela acção da vontade. Mas será que ela pode estar profundamente, totalmente, silenciosa? É de facto extremamente surpreendente o que acontece quando a mente está em silêncio.
   Nesse estado, toda a consciência, que tem a ver com conhecimento e reconhecimento, cessa; acaba a busca instintiva da mente, que é memória. E é muito interessante ver como a mente faz tudo para capturar esse estado indizível através do pensamento, da verbalização, do aperfeiçoamento dos símbolos. Mas para que esse processo termine, natural e espontaneamente, temos de morrer para tudo. Não queremos morrer e, assim, há sempre um esforço inconsciente em marcha, a que chamamos vida. É estranho como a maioria das pessoas quer impressionar todas as outras, através das suas realizações pessoais, da astúcia, dos seus livros - utilizando qualquer meio para se afirmar. ''

in Cartas a uma jovem amiga, Krishnamurti

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