sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Quem é este Eu?



Somos seres desconhecidos.
Quem somos nos?

Quem é este eu?

Faça esta pergunta a si mesmo - Quem sou EU?- indague-se.
No inicio vai dar respostas parvas. Sou o Joao, tenho 32 anos, estudei naturopatia, guionismo, acupuntura, gosto de cinema e de escrever, adoro animais, tenho um metro de sessenta, o meu bi tem o numero tal...
Mas ainda nao é isso, ou É ?

Ou resume-se a isso ?

Isso é apenas um aspecto superficial de si.
Depois vem o que gosta, o que ama, o que detesta, o que aspira.
Pode falar da sua historia, dos seus pais, da sua família, mas..........

Mas ainda não é isso. Ainda é pouco, muito pouco.

Pode ter então a tentação de se rotular como um corpo, um espírito, uma alma que nunca morrerá.
Mas será que isso não serão apenas conceitos mentais?
Até que ponto isso é você?

Quanto mais se indaga mais se apercebe do vazio imenso que é. Viveu toda uma vida sem saber quem é, julgando-se dono de algo, merecedor de algo, conhecedor de algo.
Mas de repente pergunto - Quem É ?
E não consegue dizer nada.

O seu passado passou, o seu futuro é uma incógnita, o seu presente é mais um devaneio na ilusão....
Pode sentir-se ofendido comigo agora.
Você diz que a minha vida é uma ilusão, mas olhe esta dor, este sofrimento, esta alegria, este plano, esta realização...

Dir-lhe-ei que duvido que alguém que não sabe quem é, possa fazer algo digno ou serio, na verdade é como uma semente que tanto pode ser trigo ou milho.

''Quem sou eu? Sou Judas, sou Jesus? Por medo, por desejo, traio a mim mesmo. Sou quem eu não sou. Cubro minha face com muitas máscaras e até mesmo torno-me máscaras. Estou demasiado ocupado representando quem eu penso ser para conhecer quem realmente sou. Tenho medo: posso ser nada mais do que eu pareço ser; pode não haver face alguma por detrás da mascara. Eu decoro e protejo minha máscara, preferindo algo fantasioso a um nada real.''

in Sussurros da outra margem, de Ravi Ravindra

Na verdade quando nos identificamos com algo, estamos a perder identidade.
Somos um fogo. 
O Fogo é um elemento que precisa de queimar algo para continuar a subsistir. Neste caso ele vai usando a matéria  os sentimentos, as emoções, o passado , tudo isso numa continua experiência.

Somos uma vontade de auto-conhecimento, auto-realização e auto-amor.

Uma pergunta que pode ajudar é - se perdesses tudo o que tens, o que amas, o que serias?

Ou melhor, se nao tivesses passado, nem futuro, nem corpo, nem posses, o que serias?

Mas a resposta a isso não pode ser mental. Tem que ser muito mais abstracta, muito mais emotiva, muito mais real.

Não conseguimos ser puramente felizes, puramente sábios  puramente conhecedores da verdade, enquanto tivermos múltiplas vontades.

A consciência humana assemelha-se a uma carruagem com dois cavalos, um cocheiro e que leva lá dentro um príncipe  Se o cavalo for depressa de mais, pode tudo cair. Se o cocheiro parar muitas vezes não chegarão lá a tempo, se o príncipe se distrair com mil coisas nunca chegará ao palácio. Assim é a VONTADE do homem.

Nunca poderá ir alem de si mesmo se persistir em múltiplas vontades. Se deixar as mil vozes que tem na cabeça, os mil assuntos, se unir tudo isso, assim talvez.

A vontade do homem é semelhante a uma mulher que tem um assunto para tratar. Vem o patrão e traz papelada, depois o marido ao telefone, a filha manda um email, outra chamada do filho, mais um problema, tem que ir almoçar, mais papelada, de repente uma noticia, agora uma fofoca, agora come-se e pensa-se no filho, bebe-se e pensa-se no papel..............

Assim o trabalho do homem é consumar a sua carcaça de desejos, de historia, de múltiplas vontades, e incinera-la no fogo da Vontade Única...do sussurro do Eterno.

O trabalho do homem pode ser visto hoje na historia de Cristo. De alguém que se despoja de família  de passado, de desejos, que percebe a natureza ilusória de tudo e sacrifica-se a si mesmo como a vela se sacrifica á chama.......

No budismo, Buda é tentado por Mara. As setas do ultimo tornam-se em flores. Os ataques tornam-se em aceitação.
Na verdade Buda compreende que o proprio mal faz parte da ilusao. 

Assim somos como fogo. Descendemos dum fogo unico, do qual fazemos parte, experenciando a materia, subtilizando-a, e fazendo a combustao do mal, do desejo e do ego em Verdade, Unidade e Amor.

Convem que cada um de nos reconheça a sua parte mais profunda, que Se conheça perfeitamente.
Que domine o seu ser minimamente.
Que se entregue nao por desejo ao desejo, mas por desejo á Existencia.

Assim, só assim, o Ser pode finalmente dizer EU SOU.
E tudo assim É.


´´A Mente é o grande assassino do Real. Que o discípulo mate o Assassino.´´

´´Antes que a Alma possa ver, a Harmonia interior deve ser alcançada e os olhos físicos precisam ficar cegos para toda ilusão.´´

Helena Petrovna Blavatsky




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