terça-feira, 13 de agosto de 2013

´´A própria impermanência nos torna livres´.´´


´´A própria impermanência nos torna livres.´´

 Diz-nos Maria Lisete Soares no seu Grande livro - A Presença Invisível.

Tento perceber, tento deslindar esta chave, não só por palavras, mas no seu sentido mais amplo, mais lato, mais interno
A impermanência é um conceito que deriva essencialmente do Budismo que nos diz que NADA na nossa Vida é permanente, é eterno, é impassível de mudança.

Ora se tudo muda....
O meu corpo muda, cessa, morre....ele não é permanente.
Os meus amigos mudam, um dia também partirão...também não são permanentes.
A minha casa, a minha rua, o meu dia a dia, os meus ideais, as minhas relações....tudo isso muda, cessa, transmuta-se.
As coisas boas nunca duram, mas o mal também não vem sempre.

Percebo que a Maior Dor que temos é a da impermanência.
Queríamos que o momento bom se prolongasse para sempre, aquela amizade fosse para sempre, aquele objecto, aquela pessoa, aquela situação, aquele emprego.....e acontece o contrario.
Isso leva logo a uma crise, que para ser superada tem que levar á aceitação

Preciso....precisamos de aceitar, que NADA é PERMANENTE.
Pelo menos nesta vida, do outro lado, acreditamos que existe o Eterno.
Cremos que assim como uma personagem na novela chora por perder o emprego e nós sabemos ser apenas Drama/ ficção, também as nossas vidas, as nossas PERDAS sejam também apenas ficção.

Mas até, temos muito que aprender.

Tento perceber a expressão que saber que nada é permanente nos torna livres.
Como nos torna livres?

Talvez nos livre ligeiramente dos medos.
Talvez nos traga alguma aceitação.
Talvez nos incite a não nos apegarmos, mas também a Não deixarmos de Viver qualquer experiência.

Se tudo muda, se tudo cessa, se tudo se Renova, se tudo Mergulha no Eterno, então nenhum medo deve persistir, nenhuma limitação existe a minha vida.

Se hoje estou triste, não devo desanimar, a vida muda, amanha estarei alegre.

Se tudo muda, eu sou livre para mudar também...poderei ir muito alem, e poderei perder muito também....e em cada queda me erguerei, em cada subida me alegrarei....

Poderei mudar de emprego, deixar aquela pessoa que não me faz bem nenhum, aquela vida chata, poderei partir aquela jarra velha, posso ate fazer lutos que nunca fiz, ou alegrar-me ao máximo com amigos que o tempo e a distancia afastou.....

E o tempo para um mundo que é impermanente?

O passado serve para reflectir, o futuro decido-o hoje....

Pode parecer deprimente, pensar que um dia partiremos, que aqueles que amam também vão partir, que a minha casa um dia vai ser demolida, que a minha rua daqui a muitos anos  será diferente..

Mas curiosamente pode-nos ABRIR UMA PORTA em nos - Se a Vida é Mudança, eu também posso mudar.

Existe uma profunda aprendizagem nesta simples frase, neste grande conceito.

Ainda não conseguimos, pelo menos eu, vivermos acima da dor da impermanência.

Quem sabe um dia, pouco a pouco, antecipando a mudança, libertando-nos de apegos, de objectos inúteis, de velhos sentimentos sem sentido, de historias e episódios hoje impermanentes....talvez ai, a vida se torne LIVRE.


” Tudo à nossa volta está a mudar constantemente. A cada dia, o Sol ilumina um mundo novo. Aquilo que chamamos de rotina está repleto de novas propostas e oportunidades. Mas  não percebemos que cada dia é diferente do anterior.
Hoje, em algum lugar, um tesouro espera-o. Pode ser um pequeno sorriso, pode ser uma grande conquista- não importa. A vida é feita de pequenos e grandes milagres. Nada é aborrecido porque tudo muda constantemente. O tédio não está no mundo mas na maneira como vemos o mundo.” 
Maktub- Paulo Coelho

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