quinta-feira, 1 de março de 2012

Desterro

Resumir a minha vida nas ultimas semanas em poucas palavras : a vida a iluminar os nossos erros e o como estamos presos.

A minha mãe tem estado doente. Como sempre uma parte de mim, perante a doença imiscui-se na doença, buscando razões obscuras, e torturando-me com medos, medos e mais medos.
Doi, sim doi, pensar que podemos perder a unica familia viva, a pessoa mais importante.... E doi ainda mais quando percebemos que para progredirmos temos que fazer a dor doer mais.

Neste momento a minha viagem deixou de ser uma ideia.
Tornou-se um imperativo.

Nao olho para o passado neste momento em busca da culpa dos outros. Se tiverem culpa, ja estão perdoadas. Por vezes os seus fantasmas ecoam dentro de mim, dentro do meu ego. Sempre gostamos de responsabilizar os outros sem percebermos que nos lhes demos autoridade, que buscamos culpados, que fazemos isso para nos Desresponsabilizarmos.

As doenças, as finanças, o ainda nao, sao apenas desculpas para nos mantermos na zona de conforto, para continuarmos a espera....a espera da Cinderela, a espera dos nossos sonhos, a espera do euromilhoes.

Tudo lá fora.

E com isso tudo, traumas ou nao, mas escolhas ou nao,  passam-se muitos anos. Anos a sermos robots, a espera do dia em que acordaremos.
Passamos a saber como vai ser o dia do hoje, o dia de amanha, a semana.....e um dia a vida toda.
Substituímos a Insegurança, o risco e a vida por uma monotona tarde de domingo, seguros? sim, felizes ? nem por isso.......

Um dia terei que prestar contas á minha dor. E mais vale prestar contas a ela enquanto a dor me trouxer uma perda ligeira, um boa viagem, e nao um - ate sempre!

Só posso falar de mim.
Nao tenho moral, nem responsabilidade sobre a vida de ninguem.
Sei agora muito mais sobre mim, sobre estes adornos imaginativos que crio para prevenir a perda.
Tudo isto se prende em 3 termos - culpa, medo de perder, e ansiedade sobre o futuro.
E é tao facil para mim falar, tao facil escrever, mas tao dificil de VIVER esta dor.
Tao ardua a tarefa de desapegar de tudo.

De prescindir da segurança estupida do ego, deste sentimento de domingo a tarde....

Tao facil escrever, tao duro viver.






Retornei ao blog, porque sei que preciso escrever....
Porque sei que assim serei obrigado a todos os dias ver o que sinto, e a pressionar me a ir com o vento.
Porque ASSIM talvez eu me forçe a mim mesmo a partir, e deixar de sentir a vida como um infinito Domingo a tarde - ansioso, monotono, aborrecido, solitario mas Seguro.


2 comentários:

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