(Conto escrito na Oficina de Escrita Criativa em Maio 09)
Era um homem muito especial.
Raramente falava, mas de cada vez, que olhava nos meus olhos algo de estranho acontecia.
Era assim o Padre Matias.
Regressado de África há apenas 2 meses, estava ainda bronzeado, com os olhos esbugalhados, mas um olhar sereno.
Contou-me das noites em que dera Missa por debaixo das redes mosquiteiras na África Equatorial, em que todos os habitantes corriam para a missa como forma de salvação, para fugirem das moscas e mosquitos tsé-tsé. E de como rezavam para que a missa durasse mais e mais.
Recordou então que certa vez a missa durara mais de dois dias, ate que acabaram as hóstias e o vinho.
O Padre Matias olhou-me com os seus olhos inchados e mostrou-me os braços.
Vi as estranhas marcas (mais de 100) que tinha no corpo, provocadas pelos mosquitos .
Contou-me como uma vez ao sair da cachoeira foi atacado ferozmente, sem dó nem piedade, por milhares de mosquitos .
Mordido até nos olhos, o padre Matias tinha dormido 18 anos de uma assentada só.
Desde então nunca mais fora capaz de dormir !!!!!!
Foi então que compreendi.
Aproximei-me dele e abracei-o longamente. Quando sai, pareceu-me ver lágrimas nos seus olhos...
Sem comentários:
Enviar um comentário