segunda-feira, 28 de março de 2011

Estar no mundo e nao ser do mundo

''De facto, eles não são do mundo, como também Eu não sou do mundo.'' Joao 17, 16


Existe uma grande diferença entre Estar e Ser do mundo.


Quando somos do mundo olhamos tudo com olhos limitados, empurrados por escolhas sempre limitativas, olhamos o mundo sem esperança ou com uma ideia finita das coisas. Tudo começa e termina. Tudo é feito segundo o caos. Tudo o que se vivencia é bom ou mau.

Tudo é segundo a sociedade, segundo o que pensamos, segundo o que acham que é melhor para nós, segundo o lado de fora...

Conquistamos para termos mais, para nao termos menos, para nao nos acharem diferentes, pensamos em vingança, em culpa, fazemos tudo para ter mais dinheiro, para termos um carro, para termos joias.

Temos que controlar a nossa vida ao maximo. Temos agendas, temos planos semanais, quinzenais, anuais.

Vamos passear cheios de maquina fotograficas, de camaras, para os hoteis mais finos, para os locais mais paradisiacos, receber massagens, ler revistas caras, fazer dietas e plasticas para sermos perfeitos.


Controlamos tudo. Pensamos que somos donos de tudo, dono das pessoas, donos da vida, donos dos pais, dos filhos, dos animais, do dinheiro, da vida....


Escolhemos e controlamos tudo para sermos do mundo.

Estamos sempre a viver pela materia, com a materia, na materia.


Quando Cristo ha 2000 anos falou de Estar no Mundo falou de uma maneira diferente de viver.

Estar no mundo é fluir.

É olhar para o mundo sem nos comprometermos com ele. É percebermos que existe um além, após a linha do horizonte, que nunca sabemos, nem controlamos, nem comandamos nada.

Sabemos que pertencemos a Vida, mas nao á materia, nao ao mundo....

E ao compreendermos isso, entendemos que existe uma ordem, subtil, atrás de tudo.

Que tudo o que vivemos, bom e mau, nao é em ultima instancia nem bom nem mau, mas experiencias, vivencias, desafios, situaçoes de crescimento.


Entao percebemos que tudo tem que ser segundo o nosso peito, o nosso coraçao, segundo o nosso Eu, as nossas escolhas, e a Emoção Dentro do peito passa a ser a nossa bussola, o nosso barometro...

Tudo o que vem, aceitamos, deixamos a dor vir, deixamos doer, entregamos, rendemo-nos...

E fazemos isso com o que nos alegra, com o que nos entristeçe, com o que odiamos, com o que deliramos, mas sempre lutando para Sermos o que Somos!

Não lutaremos para termos mais que os outros, nao lutaremos para mostrar que nao somos menores que os outros, não culpamos os outros porque sabemos que tudo o que vem é para nós crescermos, nao julgaremos nada nem nenhuma situaçao, não teremos nada que nao reflita o que Nos Somos.

E nao controlamos a nossa vida. deixamos fluir...

Quando o universo mandar partir, partimos. Quando sentimos que esta na altura de começar de novo, começamos. Quando a dor vem, deixamos que doa.

E quando passeamos podemos tirar fotografias, mas antes que tudo sentimos e emocionamo-nos com o lugar onde estamos, com a experiencia que estamos a ter. Para que a fotografia um dia reflita a emoçao, e nao apenas um lugar que vimos....

Começamos a entregar tudo, por muito que doa, a perceber que tudo o que temos - casa, carros, profissao, filhos, amigos, a existencia- tudo é da Vida.

Entao poderemos ter tudo, mas sem nos apegarmos a nada.

Nao teremos um carro para mostrar que o que somos, mas teremos o carro porque ja somos.


E a vida sera muito mais facil, menos densa, seremos como o grao de areia, como uma pluma ao vento.

Emocionarmos-emos com o mundo.

Porque nos relacionamos com a materia e nao dependemos dela.

Teremos vencido a ilusao.


Estaremos enfim no mundo, mas ja nao seremos do mundo.





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