domingo, 20 de dezembro de 2020

Visão

 

Kathy Tyler e Joy Drake 

Acordei bem cedo esta noite. Eram perto das 6h40 e tinha a sensação que me batiam a janela. 
Penso que era algum radiador do hotel ou assim.
As 7h30 levantei me e despachei-me para deixar o hotel.
Resolvi retirar uma carta dos Anjos (site aqui)
Saiu-me a Visão. Nem pensei muito na carta...

Saio do hotel.
Vigo parece uma cidade adormecida apesar de já serem 8h20.
Uma cidade escura e vazia em contraste com a noite anterior, cheia de vida e cores das luzes de Natal.

Compro o bilhete de comboio para Portugal.
Desta vez fico do lado direito. 
Curioso, porque  fico sempre do lado esquerdo.
Do lado esquerdo podemos ver a ria....ao fundo Cangas, Moaña, mais um pouco a frente a ria espraia-se  numa especie de bela lagoa, com pequenas ilhas de arvores lembrando a Isle of the dead, do Rachmaninoff e das pinturas de Bocklin, depois a bela minha conhecida Redondela e pouco a pouco os velhos sitios que tão bem conheço, Porrino, Tui e Valença.

Mas ao ficar do lado esquerdo percebo que mudei de ''vista''. E de vista, de visão.

Do lado direito vou vendo depois Vila Praia de Ancora, com as suas ondas em caracol batendo ferozmente umas nas outras.

Mesmo no Porto quando mudo de comboio, calho do lado esquerdo. 
Espinho e a sua costa seduz-me.
Velhos casarões que nos trazem algo da mistica Sintra, o mar, e a praia enorme que espraia a luz do sol que vai nascendo.

Mudo de imagens ao longo do caminho até Lisboa.
Passam das 14h.
Eu pensava ir almoçar e afinal esqueço-me que esta tudo encerrado.
Tambem aqui a visão surge - Lisboa deserta como raras as vezes a vi.

Tenho que comprar algo e sento-me na praça do Rossio a almoçar.
Os pombos aglomeram-se a minha volta, sempre tendo em vista se deixo cair alguma migalha.
As gaivotas, tambem têm bom olho, e vão surgindo como generais, afastando os pombos, tentando tambem elas levar alguma coisa.

Já no autocarro para casa, reparo em como reparei em tanta coisa. Mas penso que a maior visão é interna.
Vejo uma mulher de aspecto duvidoso numa qualquer paragem de autocarro.
Uma parte de mim, automaticamente julga a mulher.
Mas depois mudo a visão.
Aceito que é um ser como eu, com uma historia de vida diferente, lidando com as ferramentas que a vida lhe deu, lidando da forma como aprendeu e sabe viver.

Rejuvenescem-se as formas. 
Todos podemos mudar. 
As vezes basta mudar um pouco o foco para onde olhamos.




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