domingo, 5 de abril de 2020

Que sont devenue les fleurs?

Hoje sai a rua para deitar o lixo fora.
Tinha acabado de chover.
Tudo estava  molhado. Mas nessa frescura olhei as árvores e as flores, e de algum modo vi como frescas estavam.
Não apenas frescas da chuva mas dos próprios ritmos da natureza.
Como se tivessem sido limpas das suas camadas de pós, dos seus pensamentos cristalizados, e agora completamente depuradas de camadas de informação, remetendo-se a sua natureza original.
Como houvesse uma alegria pulsante, de pura aceitação.
Então vi que as flores continuam as suas vidas, as árvores continuam a florescer, o mundo primordial vive da, com e na Natureza.
Somos nós que perdemos a teologia da natureza.
Ficamos obcecados com o pecado, o karma, os dogmas e o tem que ser.
Como se uma rosa pudesse ser diferente de uma rosa.
Até os ritmos de nascimento, maturação, morte são tornados em algo diferente, como se isso não fosse natural em nós.
Como podemos dizer que somos apegados se nem raízes temos, e de alguma forma somos mais apegados que uma flor.
Vivemos o frémito do pensamento como uma fuga do presente, quão ridículo somos. Se somos feitos do pó das estradas, de átomos de estrelas, de configurações celulares naturais porque fugimos deste presente?
Esquecemos o vento, a agua, o sol, enclausuramos-nos em castelos de pedra, projectando sonhos e ilusões que nos parecem reais mas são mais perecíveis e subtis que o éter.
Fingimos que vivemos para simplesmente fugir do Viver.




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