Há dias em que tudo pesa: o corpo, os gestos, até a esperança.
Nesses dias, não procuro palavras — procuro som. Som que não me obriga a ser forte.
E então viajo. Não com malas, mas com alma.
Viajo até Ortigueira, onde nunca estive… mas onde algo em mim parece já ter vivido.
As árvores não apontam — apenas acolhem.
E o mar não julga — apenas escuta.
E a areia inunda os meus pés tapando-os como o meu sofrimento.
É nesse som que me refugio.
Nas notas longas de Alberto Iglesias, encontro abrigo.
Como se a música dissesse:
“Não precisas ser mais do que és agora. Estar triste é também uma forma de estar vivo.”